Ê vida velha mais ou menos

Engraçado como as coisas são, estão ou estão pra ser ou estar. Depois de ler o noticiário politico veio uma coisa estranha em mim, misto de tristeza, decepção, cansaço. E lembrei de Virgílio Távora. Virgílio Távora um homem decente, recebia os amigos também pra jogar conversa fora. Numa dessas vezes passamos pedaço longo de uma tarde uiscando e poetando. Era um de seus amores ler Florbela Espanca, poeta portuguesa de versos tão belos como estes do soneto abaixo. Saudades de Virgílio Távora.


A flor do sonho - Florbela Espanca

A Flor do Sonho alvíssima, divina 
Miraculosamente abriu em mim, 
Como se uma magnólia de cetim 
Fosse florir num muro todo em ruína.
Pende em meu seio a haste banda e fina. 
E não posso entender como é que, enfim, 
Essa tão rara flor abriu assim!... 
Milagre... fantasia... ou talvez, sina...
Ó Flor que em mim nasceste sem abrolhos, 
Que tem que sejam tristes os meus olhos 
Se eles são tristes pelo amor de ti?!...
Desde que em mim nasceste em noite calma, 
Voou ao longe a asa da minh'alma 
E nunca, nunca mais eu me entendi...

Florbela D'Alma da Conceição Espanca nasceu no dia 8 de dezembro em 1894 em Vila Viçosa (Alentejo). Demorou para ser reconhecida como boa poeta. Com uma vida bastante confusa, sobretudo nos casamentos, teve apenas dois livros publicados em vida, Livro de Mágoas e Livro de Sóror Saudade. Florbela de suicidou no dia 8 de dezembro de 1930 em Matosinhos.

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