páscoa cristã
Era sábado.
Depois da última sexta-feira, era dia de luto.
A
partida doeu em Maria, nos irmãos dele, nos amigos dele, nos
admiradores dele, mas doeu mais em Maria, porque é maior a dor de uma
mãe que sepulta o filho.
Doeu também no Pai, mas o Pai sabia que a história não tinha terminado.
Para Maria, Pedro, João e todos os amigos, a história tinha terminado.
O
sábado começou quando eles deixaram para trás o túmulo trancado. (Era
sábado, mas nos outros calendários ainda era sexta-feira, a noite
chegando.)
Todos os lutos são longos, mas o de Jesus parecia encerrar a esperança. Era um vazio eterno.
Na sexta-feira, ainda havia alguma esperança, de que Deus desse um jeito e o livrasse da morte. Não livrou.
Agora era tempo de apenas chorar o fim dos sonhos, das promessas e das possibilidades.
Nada fizeram no sábado, senão chorar.
Mas
houve quem trabalhasse no sábado: foram os executores de Jesus, que
decidiram reforçar a segurança do sepulcro, para que ninguém o abrisse,
de fora para dentro. Está nos evangelhos.
Não foram os únicos. O Pai de Jesus trabalhou também. Não está nos evangelhos.
Faz parte da imaginação. Ele reuniu o seu pessoal e deu as instruções.
O
Espírito Santo sopraria o hálito da vida. Um anjo desenrolaria a roupa
mortuária. Outro anjo removeria a pedra, de dentro para fora. Outro
ficaria de lado de fora para avisar os desavisados que o procurassem
dentro do túmulo.
Ficou tudo acertado ainda no sábado, mas seria preciso esperar o domingo.
Quando Deus quer fazer, não há nada (nem a morte) nem ninguém (com todo o poder que tenha) que o possa impedir.