Ex-abrigo de perseguidos políticos e asilo "disputam" hospedagem do papa no Rio
A Residência Assunção, no alto da estrada do Sumaré, já hospedou João Paulo 2º duas vezes. Já o Palácio São Joaquim é a casa oficial dos arcebispos do Rio e é atual residência de dom Orani João Tempesta.
Residência Assunção
A casa do alto do Sumaré também já hospedou o papa Bento 16, mas, na época da visita, em 1990, ele ainda era o cardeal Joseph Ratzinger. A estada aconteceu durante um encontro de bispos em que o alemão foi convidado para dar uma palestra. Amigo de dom Eugênio, Ratzinger ficou dez dias no lugar.Cercada por muros altos, a Residência Assunção, ou Palácio Apostólico do Sumaré, fica em um dos caminhos que leva ao do Cristo Redentor, pela estrada do Sumaré, área de mata Atlântica de onde se tem uma vista privilegiada da cidade.
O lugar é uma espécie de complexo para eventos fechados para padres e bispos, com capela. A casa serve também de abrigo para os religiosos e tem até um heliponto, construído em uma das visitas do papa João Paulo 2º.
Porém, se chegar por terra, o papa vai passar pelo morro do Turano, pacificado em 2010. Nesse caminho, Francisco poderá ver um pouco mais de perto a situação da comunidade: nos trechos que margeiam a favela, há muito lixo e até carros abandonados, além da precariedade das casas, característica das moradias de comunidades cariocas.
Centenas
de católicos se reuniram na quadra da Unidos da Tijuca, escola de samba
do Rio de Janeiro, para comemorar os cem dias para o início da JMJ
(Jornada Mundial da Juventude), encontro do papa com os jovens promovido
pela Igreja Católica. O evento deste sábado contou com feijoada e
apresentação do sambista Dudu Nobre. A JMJ será realizada entre os dias
23 e 28 de julho no Rio de Janeiro e deverá receber milhares de fiéis de
várias partes do mundo Leia mais André Lobo/UOL
Palácio São Joaquim
Já em outro ponto da cidade, no antigo bairro da Glória, na zona sul do Rio, moradores e comerciantes da vizinhança do Palácio São Joaquim estão na expectativa da possível estada do papa no local.O imponente prédio, construído em 1918 em estilo eclético, fica na esquina da rua da Glória com a Benjamin Constant e também é fechado ao público. De acordo com o historiador Milton Teixeira, presidente do Sindicato Estadual dos Guias Turísticos e criador do projeto Conheça o Rio a Pé, a casa abriga obras de arte, como pinturas de Carlos Oswald e Benedito Calixto. "Lamento que o palácio não seja aberto ao público, com tantas obras de arte lá dentro", afirmou.
Segundo o especialista, a fachada mais vistosa do prédio, que fica na esquina, foi inspirada na capela de Luís 14 do Palácio de Versalhes, na França. "O cardeal Arcoverde [dom Joaquim Arcoverde Albuquerque Cavalcanti] resolveu construir outro palácio porque o do morro da Conceição [do século 17] já era muito antigo e de acesso difícil. Ele chegou a comprar um terreno na avenida Central [hoje Rio Branco], mas desistiu", explicou Teixeira sobre a origem do palácio.
Mas os portões do palacete já foram abertos à população. O gerente comercial Maurício Pereira, que mora em frente à lateral do palácio, disse que brincava em seus jardins quando era criança. "Eu morava aqui perto e ia com meu avô brincar no jardim, que era muito bonito", disse o vizinho. Ele disse estar animado com a possibilidade de o papa ser "da vizinhança" por uns dias. "Vai ser tumultuado, mas não vou me incomodar."
O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, acompanhado de sua
mulher, Elvira Fernandez, faz visita ao papa Francisco no Vaticano nesta
segunda-feira (15). Rajoy levou uma camiseta da seleção espanhola de
futebol. Na primeira reunião do novo papa com um líder europeu, os dois
conversaram a sós por 24 minutos Diego Crespo/EFE}
Quem não está muito animado é David Luiz da Silva, 29, que tem uma banca de frutas na rua, próxima ao palácio. "Eu ouvi falar que ele pode vir pra cá, estão até reformando. Acho que vai ficar lotado, e a fiscalização vai me perturbar", disse o comerciante sobre seu negócio informal.
A gerente da hospedagem Benjamin Constant, Elenita Monteiro, acha que o estabelecimento deve ficar cheio durante a jornada, principalmente se o papa ficar hospedado na vizinhança. "Seria ótimo, vou encher. Ainda tenho muitas vagas [para o período da jornada]. Vai ser muito bom, estou contando com esse evento. Espero que seja como foi na Rio+20, que ficamos lotados", disse a gerente.
Elenita diz que atualmente a rua está tranquila, com bom movimento para os comerciantes, mas, há um ano, antes da ocupação da Força Nacional de Segurança no morro Santo Amaro, próximo à rua, a situação era ruim.
Ocupada por traficantes, a comunidade era ponto de venda de crack, o que deixava a vizinhança do palácio à mercê dos usuários, que às vezes assaltavam pedestres. "Era uma bagunça, o pessoal usando crack na rua. Tinha assalto, mas agora acabou. Sempre tem um carro da Força Nacional aqui na esquina", disse Elenita. A esquina é o local onde fica o palácio.
O palácio que pode abrigar o novo papa teve papel importante em determinado período da ditadura militar. Dom Eugênio vivia no lugar e abrigou perseguidos políticos no palacete. Entre 1976 e 1982, o então arcebispo desafiou a ditadura militar ao montar uma rede para proteger perseguidos pelo regime. O palácio era um dos pontos principais dessa rede.
"Na época de dom Eugênio, o palácio virou referência. Ele chegou a fazer construções atrás do prédio para abrigar essas pessoas", disse o professor de história na PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) Antonio Edmilson Rodrigues.
Do UOL com agencias
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