Governo garante que já liberou R$ 2,5 bi
O representante do Ministério da Integração na audiência, Jenner Guimarães, disse que a seca afeta hoje 10,5 milhões de pessoas na região, mas que é preciso separar dois tipos de agricultores endividados: os que devem por causa direta da seca e os que têm dívidas por outros motivos.
Para os que sofrem com a estiagem, segundo ele, o governo já lançou um pacote de ações. Para os que têm dívidas mais antigas, será preciso propor novos tipos de negociação e com prudência, para não afetar a capacidade do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, aponta Guimarães.
Representando o Ministério da Agricultura no debate, Neri Geller ressaltou que apesar de o governo estar se esforçando para ajudar os produtores a superar os efeitos da seca, o Executivo não interfere nas relações entre bancos e agricultores endividados, já que são as instituições bancárias que assumem o risco da dívida.
Dívida bilionária
O endividamento dos agricultores do Nordeste ultrapassa R$ 14 bilhões, segundo levantamento apresentado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Só na dívida ativa da União estão inscritos 85 mil produtores da região, que devem quase R$ 3 bilhões e, em razão disso, não podem entrar em processos de renegociação. Segundo a técnica da CNA Rosimere dos Santos, há 24 anos o governo tenta renegociar a dívida agrícola do Nordeste com ações “paliativas”, como as que estão sendo tomadas neste momento.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba, Mário Borba, destacou iniciativas do governo, como a suspensão de execução judicial e a liberação de crédito. No entanto, segundo ele, essas ações não se concretizam para os agricultores do Nordeste.
Para Borba, resolver o problema é uma decisão política. Ele chegou a comparar com a desoneração de R$ 44 bilhões concedida pelo governo ao setor automobilístico, cujo valor é três vezes maior do que o total da dívida dos agricultores.
Convocação
Já a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) defendeu a convocação dos ministros da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário, da Integração Nacional e da Fazenda, além dos presidentes dos bancos oficiais, para explicar o que está sendo feito para resolver o problema do endividamento no Nordeste. Todas as autoridades listadas pela senadora foram convidadas para a reunião, mas não compareceram.
O Banco do Brasil, o BNDES e o Ministério da Fazenda não mandaram nem representantes, o que foi criticado também por outros participantes da audiência. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba, Mário Borba, classificou a ausência como “desrespeito”.
A convocação de autoridades da área econômica foi defendida também pelo líder do PSC, deputado André Moura (SE), e pelo deputado tucano Raimundo Gomes de Matos. “A gente ouviu dos representantes dos ministérios que estão aqui que eles vão tentar ajudar, vão reunir propostas. O que se percebe é que não existe um plano”, afirmou Gomes de Matos.
Estabilidade
Já para Gomes de Matos, “é necessário garantir a estabilidade na área rural e, também, garantir aos pequenos agricultores tenha tranquilidade para produzir no campo, de modo a assegurar a sua sobrevivência e a de seu rebanho”. Sobre o caos que impera nos municípios atingidos pela estiagem e as promessas já feitas para minimizar o problema, Gomes de Matos afirmou ainda que “temos que trabalhar para normatizar a situação no campo e precisamos, urgentemente, fazer a pactuação do que foi prometido. Muitas das ações não estão se concretizando”.
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