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Enquanto isso em Juazeiro do Norte


Multidão encurrala prefeito em banco
Os protestos dos professores municipais de Juazeiro do Norte, a cerca de 530 quilômetros de Fortaleza, contra o prefeito Raimundo Macedo (PMDB) tiveram, ontem, um episódio singular. A Polícia Militar teve que levar um carro-forte para a frente da agência do Banco do Brasil da cidade, a fim de resgatar o gestor. Tudo porque ele fora cercado, mais cedo, por manifestantes que o impediram de sair do prédio bancário. Após uma avaliação da situação sobre o resgate do prefeito, o Tenente Rosendo, que comandou a operação, desaconselhou Raimundão, como é popularmente chamado, a deixar as dependências da agência por falta de garantias à sua segurança. A preocupação da Polícia Militar é que o prefeito fosse linchado pelo povo. Até o fechamento desta edição, o impasse em torno do resgate do prefeito ainda era negociado. O clima permanece tenso.
Enquanto isso, a população segue revoltada. Ontem, cerca de oito mil pessoas fizeram um protesto pelas principais ruas da cidade. Formada principalmente por professores da rede municipal de ensino, a multidão pedia, entre outras coisas, o impeachment do prefeito Raimundo Macedo. Os manifestantes concentraram-se na frente da Prefeitura, e a Polícia Militar teve que agir para evitar possíveis invasões ao prédio, fazendo uma barreira de proteção. Todavia, a PM não evitou que uma parte da Prefeitura fosse pichada com dizeres como “fora ladrão” e “corrupção é crime” Apesar disso, as próprias autoridades reconhecem que não houve registros de violência na passeata que foi, de todo, pacífica.
Os manifestantes concentraram-se em frente ao Colégio Cirão, no início da Rua São Pedro. Participam do movimento, professores, estudantes e a população em geral. Outro ponto, que foi citado pelo grupo, foi o gasto municipal na realização do festival Juáforró, cuja abertura se deu ontem. Estima-se que R$ 2 milhões foram empregados no evento. Ainda em passeata, os manifestantes seguiram em direção à Câmara de Vereadores com cartazes e panelas, fazendo bastante barulho por onde passavam. Os vereadores cancelaram a sessão de ontem.
Coletiva
Raimundo Macedo (PMDB) reuniu, ontem, sua equipe de governo, no auditório do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, para anunciar, durante entrevista coletiva à imprensa, que professores da rede municipal de ensino não terão redução de salários. Raimundão, mais uma vez, desafiou aqueles que divulgaram boatos maldosos sobre o Plano de Cargos e Carreira e Remuneração (PCCR) dos professores enviado à Câmara Municipal, no último dia 6 de junho. “Esse projeto não traz redução salarial. Houve uma interpretação equivocada do projeto”, explicou.

Por quase uma hora, o prefeito explicou aos jornalistas que apenas incorporou gratificações no salário-base da categoria e tratou de tranquilizar a classe docente do município informando que os salários serão os mesmos dos últimos meses e, em alguns casos, poderá haver até acréscimos no vencimento. “O que fizemos foi tirar 10% dos 40% da gratificação da Regência de Classe, passando a mesma a ser de 30%. Mas, em contrapartida, estamos pagando 10% a mais no salário-base, comparando-se ao início do ano. Ao incorporar a gratificação ao salário-base, os vencimentos continuarão os mesmos”, disse Raimundão.
Antecipar
O prefeito já autorizou a Secretaria de Gestão a antecipar o pagamento do mês de junho aos professores. Na próxima sexta-feira, 21, a classe já terá seus vencimentos depositados em suas contas, enquanto o restante dos servidores do município irão receber seus proventos no próximo dia 28. “Essa foi alternativa que encontramos para comprovar o que estamos dizendo aqui e tranquilizar os professores. Em nenhum momento, a Prefeitura cogitou cortes nos salários. Ao receber seus contracheques, os professores irão constatar que não haverá descontos”, garantiu o prefeito peemedebista.

Gratificações
Presente também à coletiva, a procuradora Geral do Município, Mariana Gurgel explicou que poderá haver cortes apenas nos casos em que os professores que recebem a gratificação Regência de Classe, equivalente a 40% do salário-base, de forma ilegal. Esse grupo de professores terá de reenquadrar-se, conforme a lei. “Essa gratificação é exclusiva para quem trabalha em sala de aula ou está desempenhando função pedagógica nas escolas. Existem professores que estão fora da sala de aula e recebem a gratificação de forma indevida. Eles terão a opção de voltar pra sala de aula para não perder a gratificação. Por isso, não é justo que continuem recebendo sem dar aulas”, explicou Mariana Gurgel.

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