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Os puxadinhos que não resolvem


Falta de infraestrutura no Brasil gera transtornos nos aeroportos
A falta de infraestrutura aeroportuária no Brasil é algo flagrante, tendo em vista o considerável aumento da demanda, uma vez que os preços das passagens aéreas chegaram, praticamente, ao mesmo nível de um de ônibus, quando o viajante consegue adquirir com certa antecedência e aproveitando as promoções.
Por via aérea, nesta situação, é possível adquirir um bilhete entre Fortaleza e Curitiba por um valor muito próximo de R$ 600,00 (com pequena diferença para mais, ou para menos) e ainda parcelar em até seis vezes, sem juros, no cartão de crédito (há prazos maiores, mas com acréscimo).
O tempo de viagem é de seis a sete horas, em média, dependendo da conexão.

Já o mesmo trecho, via terrestre, custa algo em torno de R$ 550,00 (parcelado em até cinco vezes, sem juros) e com duração de quase 60 horas, se tudo correr bem. Mas a pessoa deve lembrar que, para um deslocamento demorado, é preciso levar dinheiro extra para alimentação - ao menos dois cafés da manhã, três almoços e dois jantares -, além de, pelo menos, dois ou três banhos.
Recentemente, uma viagem de avião à capital paranaense teve a duração do voo, praticamente, realizada no dobro do tempo. Isso porque, decolando às 2h20 do Aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza, a previsão de chegada era por volta das 5h50 em Guarulhos (SP), com a conexão partindo às 8h30m rumo ao Aeroporto Afonso Pena, chegando em Curitiba às 9h20, aproximadamente.
Entretanto, quando a aeronave já se aproximava de São Paulo, o comandante avisou à tripulação e passageiros que o Aeroporto de Cumbica (Guarulhos) estava ‘fechado’ para pousos e decolagens, devido a um forte nevoeiro, e teria sido orientado a desviar a rota para Viracopos (Campinas). Entretanto, quando estava chegando a esta cidade do interior paulista, o aeródromo de lá também ‘fechou’ por conta do clima e houve novo desvio, desta vez para o Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.
CONGESTIONOU
Pouso realizado pouco antes das 7 horas, aí começou o drama dos mais de 100 passageiros a bordo da aeronave. Como se tratava da última ‘perna’ (trecho) que o avião e sua tripulação fariam naquele dia, praticamente não havia mais lanches e água disponíveis.

Devido ao grande número de aviões que para lá foram desviados - mais de 60 -, todas as pontes de embarque e desembarque (fingers) estavam lotadas e muitas aeronaves, inclusive a que seguia para Curitiba, ficaram paradas no pátio remoto, longe do terminal e sem que as pessoas que seguiam para o Rio (que iriam pegar uma conexão em Guarulhos) pudessem desembarcar, devido à falta de escadas.
Somente por volta das 8h30 elas puderam descer, mas apenas com suas bagagens de mão, pois as malas e outros objetos que teriam no porão do avião não podiam ser retirados, e só seriam entregues posteriormente. Até mesmo voos procedentes de outros países, com tempo muito maior de duração, passaram pelo mesmo problema.
Mas quem estava a bordo do avião que seguia para o Paraná, teve o seu drama prolongado, pois não podia descer, sequer para tomar um café da manhã no terminal - uma vez que não havia lanche suficiente para todos na aeronave -, e o comandante só obteve autorização para decolar rumo a São Paulo perto do meio-dia, quando o tempo máximo de trabalho dele, e sua tripulação, estava chegando ao limite. Isso significava que, caso o tempo em solo chegasse a mais uma hora, toda a tripulação seria obrigada a desembarcar e os passageiros teriam de esperar por novos pilotos e comissários.
Ele pediu desculpas a todos e ressaltou que esse imprevisto só demonstrava a falta de infraestrutura aeroportuária que o Brasil enfrenta, atualmente, e isso às vésperas de dois grandes eventos esportivos internacionais, como a Copa do Mundo Fifa 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Decolando rumo a São Paulo, o pouso ocorreu porco antes das 13 horas, mas quem estava em conexão para outras cidades teve de realizar todo o procedimento de desembarque, retirar sua bagagem que havia sido despachada (cujo tempo de espera chegou há uma hora), fazer novo check in e aguardar o voo rumo ao seu destino final. Houve casos de pessoas que perderam até conexões internacionais e tiveram de ser acomodadas em hotéis na capital paulistana, até que a companhia aérea conseguisse acomodá-las no voo mais próximo.
E não foi ofertado nenhum tipo de lanche aos passageiros. Para a designer Débora Cavalheiro, que estava seguindo para São Paulo, onde participaria de uma feira de móveis, a situação foi constrangedora. “Fiquei preocupada com a situação, porque não tínhamos nenhuma informação, só que o Aeroporto de Guarulhos estava fechado e fomos para o Rio. Mas, ligando para São Paulo, disseram que estava aberto desde as 7 horas e pousamos no Galeão, minutos depois desse horário. Liguei para a companhia aérea e disseram que tinha de pegar informações no balcão, mas estávamos no meio da pista remota, sem poder descer do avião, pois sequer escada havia para desembarcarmos”, lembrou.
No caso de quem seguia para Curitiba, o voo só decolou pouco depois das 15 horas, com desembarque às 16h10, ou seja, quase 14 horas depois de ter saído de Fortaleza. De acordo com o passageiro Wendell Bueno Ribeiro, que seguia para a capital paranaense, a situação foi algo inadmissível, nos tempos atuais.
“Foi algo lamentável, que nunca tinha acontecido comigo, antes. Uma demora de quase cinco horas em que ficamos dentro do avião, sem informações, alimentação e nenhum tipo de suporte”, indignou-se. Ou seja, no Brasil, em pleno Século XXI, as pessoas ainda estão á mercê das condições climáticas, mesmo com toda a alta tecnologia existente pelo mundo afora.

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