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Seleção chega pela Base Aérea e até a imprensa foi driblada


 Foto do jornal O Povo
Brasil desembarca em Fortaleza evitando contato com torcedor

Frustração. Este foi o sentimento expressado pelo torcedor cearense ao sair de sua casa para ir até o Aeroporto Internacional Pinto Martins prestigiar a chegada da Seleção Brasileira em Fortaleza. Quem foi até lá ficou no vácuo, como se diz na gíria popular.
O mecânico Josimar Andrade decidiu fechar sua oficina e levar a esposa e os filhos para ver Neymar e companhia no terminal de embarque no novo Aeroporto, entretanto saíram de lá sem êxito. “Estou chateado, ver meus filhos pequenos com lágrimas nos olhos por conta da falta de respeito desse pessoal da Seleção é de cortar o coração. Prometi a eles que veriam os pentacampeões e o que foi que vimos? Sem condições assim, depois reclamam que o povo vira as costas pro time, que vaia, é por isso aí”, desabafou Josimar, abraçando Ana Beatriz e Cristian, seus filhos.
Como Josimar, outros milhares de torcedores ficaram decepcionados com a atitude da delegação canarinho. O esquema estava definido desde a semana passada, mas foi mantido em sigilo para que não houvesse tumulto. O voo, que trouxe os jogadores brasileiros, assim como a comissão técnica, saiu de Brasília por volta das 15h e desembarcou em solo cearense por volta das 17h10, na Base Aérea, situada na Av. Borges de Melo, dando um drible daqueles típicos de Neymar na torcida que esperava ansiosa pela passagem dos craques pelo saguão.
As famosas “neymarzetes” e “luquetes”, grupo de torcedoras fanáticas por Neymar e Lucas, amontoavam-se e não falavam em outra coisa. “Eu amo o Neymar, eu quero muito vê-lo, não vou ao estádio, por isso quero ficar pertinho dele quando ele passar por aquela porta ali, nem sei o que vou fazer”, disse a tiete Yngrid Franciele, de apenas 16 anos, antes de ser surpreendida pela triste notícia que os atletas já estavam a caminho do hotel.
Enquanto isso, na Base Aérea, o técnico Luiz Felipe Scolari descia da aeronave com cara de poucos amigos, recepcionado por Ferruccio Feitosa, da Secopa, e Domingos Neto, da SecopaFor. O ônibus, responsável pelo traslado do grupo até o Marina Park, já esperava a Seleção e, rapidamente, foi preenchido pelos craques. Na Base Aérea, nenhum torcedor ou membro da imprensa, no entanto O Estado teve informações por parte de integrantes da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) que o esquema de não expor o selecionado verde-amarelo estava previamente definido, mas que aquilo não era vantajoso.
“Esconder a Seleção da população não é algo legal, pelo contrário, causa revolta e decepção em quem raramente vem jogar por aqui. Preocupação com a segurança e com a integridade dos atletas eu sou de acordo, mas dá para se montar um forte esquema de isolamento para que o grupo passe pelo saguão do aeroporto sem nenhum problema. Essas pessoas só queriam ver seus ídolos, nada mais, e tiraram-lhe esse direito”, afirmou um funcionário da Infraero que preferiu não se identificar-se
Alguns torcedores preferiram fazer uma outra aposta, dirigindo-se ao antigo Aeroporto de Fortaleza, situado no bairro Vila União. Fernando Oliveira, bombeiro hidráulico, foi um dos que resolveram fugir da lógica e esperar pela delegação em outro lugar. “Eu sou palmeirense e conheço o Felipão, ele não gosta que seus comandados tenham contato com a torcida, para não deixa-los de salto alto, essas coisas, imaginei logo que o Brasil não desceria no Pinto Martins, daí resolvi dar esse “tiro no escuro”. Acertei no pensamento, mas errei no destino”, disse Fernando.
FESTA NO MARINA
Se ninguém suspeitava do drible da Seleção na torcida ao desembarcar em Fortaleza, o mesmo não podia-se dizer de onde a delegação ficaria hospedada. Foi divulgado amplamente pela imprensa que o Hotel Marina Park, empreendimento luxuoso que fica na orla oeste da Capital cearense. Lá, centenas de torcedores esperavam ansiosos pela chegada do grupo brasileiro. Por volta das 17h45, o ônibus canarinho chegou ao hotel.

Porém, novamente deixando os torcedores em segundo plano, o veículo teve acesso a uma entrada lateral, o que fez os fãs da Seleção ficarem chateados com a atitude. “Não é justo isso, a gente faz de tudo para estar aqui, para dar força, em troca de um simples aceno dos ídolos, em troca de pouca coisa, mas não há respeito para com o torcedor.
Esse foi o meu programa de domingo, o meu e o de muita gente que queria mostrar que o cearense ama a Seleção. Palhaçada isso, eu tenho o ingresso para ir ao jogo, na quarta, e eu não sou otário, não irei mais, venderei, farei qualquer coisa, mas se evitam o torcedor, então evitarei esses caras”, explanou, bastante irritado, Erivelton Gomes, administrador de empresa.
Alguns torcedores conseguiram saltar as grades de proteção e se aproximarem do ônibus, no entanto a Polícia Militar, de prontidão, tratou de impedir o contato. Aliás, chamou a atenção o forte esquema de segurança montado nas imediações do hotel. Por todos os lados, homens tratavam de estabelecer a distância de torcedores, jornalistas e curiosos do local.
Um helicóptero acompanhou o trajeto da Seleção até o seu destino, guardado por policiais militares e federais. Pelo mar, várias lanchas, da Capitania dos Portos de Fortaleza, faziam a proteção via mar. Hoje, por volta das 15h, Felipão e seus comandados farão seu primeiro trabalho em terras cearenses, mais precisamente no Estádio Presidente Vargas, que teve seu gramado totalmente trocado e está fechado para melhorias desde março.

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