DIlma nem escuta a conversa da mutuca

Estações inauguradas em meio a protesto

Após 16 anos, a Linha Sul do Metrô de Fortaleza teve, ontem, suas duas últimas estações, do projeto inicial, entregues. Com a inauguração, que contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, que pela manhã trafegou entre as estações Chico da Silva e José de Alencar, no Centro, a Linha passou a dispor de 18 pontos de embarque e desembarque, espalhados nos 24 km do percurso, que liga Fortaleza a Pacatuba. Protestos, sobretudo, contra as remoções de moradias para a Copa do Mundo e pela demarcação de terras indígenas, marcaram a visita da presidente. 
Por volta das 11h, Dilma, que havia ingressado no Metrô, na estação Chico da Silva (última do trajeto no sentido Pacatuba-Fortaleza), localizada próximo à Rua Castro e Silva, chegou à estação José de Alencar, situada entre a Praça homônima e a da Lagoinha, para oficializar a entrega dos equipamentos, junto ao governador Cid Gomes, em uma cerimônia restrita a convidados e à imprensa.
REIVINDICAÇÕES
Paralelo ao ato oficial, na área externa, em frente à estação, na Rua Tristão Gonçalves, centenas de manifestantes, principalmente, indígenas e moradores atingidos pelas obras do VLT Parangaba-Mucuripe, protestaram contra as violações de direitos sofridas por ambos os grupos.
“Queremos reconhecimento, demarcação e, também, a desintrusão [retirada dos terrenos daqueles que apossaram-se sem a autorização do proprietário] das terras indígenas. Ter nossos direitos respeitados e isso tem que ficar claro”, ressaltou a indígena Madalena, da etnia Pitaguary. Durante o protesto, músicas tradicionais foram entoadas e dançadas pelos índios.
Integrantes do Movimento de Luta em Defesa da Moradia (MLDM) também aproveitaram a visita da presidente para evidenciar os conflitos em Fortaleza por conta das desapropriações de casas para a execução da obra do VLT. “Estamos sendo retirados do nosso lugar sem o menor diálogo. Não somos contra o projeto, mas a forma como está sendo feito. É tudo atropelado”, defendeu a representante do MLDM, Cássia Sales.
BENEFÍCIO
Em discurso oficial, Dilma destacou a parceria entre os governos federal e estadual, no Ceará, e ressaltou que a Linha Sul, quando em funcionamento pleno, deverá beneficiar 350 mil pessoas diariamente. Ela, também, evidenciou a necessidade de ampliação de equipamentos do tipo para garantir efetiva mobilidade frente ao rápido processo de urbanização das capitais nas últimas décadas.
LINHA LESTE
Já o governador Cid Gomes agradeceu ao Governo Federal “por ter ajudado [Fortaleza] a ter aquilo que, futuramente, será a melhor malha metroviária de todas as capitais do Brasil”. Ele explicou ainda o percurso contemplado pela Linha Leste, que ligará o Centro ao Edson Queiroz e evidenciou que a tecnologia adotada no processo “garantirá rapidez na entrega da obra”. A perspectiva é que as intervenções sejam concluídas até o final de 2014. Conforme o governador, a Linha Leste beneficiará 120 mil pessoas que, deslocam-se neste percurso por dia.
EMBATES
Enquanto no interior da estação aconteciam os pronunciamentos, do lado de fora, os manifestantes tentaram adentrar o local. Confrontos corporais foram travados entre policiais militares e a população. As grades, que blindavam o equipamento, foram retiradas. PMs do Raio e do Batalhão de Choque foram acionados e reforçaram o cordão de segurança que impediu a entrada dos manifestantes à estação.
Dois grupos, um composto por cinco indígenas e outro por duas integrantes do MLDM foram recebidos pela presidente, no local, após a cerimônia oficial. Ambos entregaram, em mãos, documentos, que contêm as reivindicações encampadas pelos manifestantes.
OPERAÇÃO COMERCIAL AINDA SEM PRAZO
“Estimamos que a operação comercial deva começar, no início do ano, mas não posso precisar a data, porque ainda serão feitos vários testes e possíveis ajustes”, afirmou o assessor da presidência do Metrofor, Fernando Mota. Durante os próximos seis meses, a Linha, de acordo com ele, continuará funcionando em operação assistida, onde os usuários têm acesso gratuito ao equipamento, de segunda a sexta-feira (excetuando-se feriados), no horário restrito das 8 às 12 horas.
As outras duas estações (Padre Cícero e Juscelino Kubitschek), que não estavam previstas, no projeto inicial da Linha Sul, mas que foram incorporadas pelo atual Governo Estadual, sendo incluídas inclusive nas obras do PAC da Copa, deverão ficar prontas até o final do primeiro semestre de 2014.
Quando as duas estações forem entregues, segundo o representante do Metrofor, elas serão “incorporadas ao sistema”, não atrasando, portanto, o início da operação comercial. Além disso, ele destacou que a construção das estações não impacta no fluxo dos Metrôs pela Linha Sul.
ESTAÇÕES INAUGURADAS
• José de Alencar
O acesso à estação, que é a penúltima parada do trajeto sentido Pacatuba-Fortaleza, é subterrâneo e será feito pelas ruas Guilherme Rocha e Liberato Barroso. A previsão é que este seja o ponto mais movimentado de toda a Linha, estimando-se o trânsito de 120 mil pessoas por dia.
• Chico da Silva
Na última estação do percurso Sul, a entrada para a plataforma, também, é subterrânea pela Rua Padre Mororó com Rua Castro e Silva. Futuramente, ela será convertida em estação Central com a integração com a Linha Leste (em licitação) a Linha Oeste, que, posteriormente, será reformulada para o sistema de Metrô.

THATIANY NASCIMENTO
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