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Brasil acaba de comprar, por US$ 4,5 bilhões, o direito de participar
do desenvolvimento do projeto de um avião supersônico. O Grippen NG, da
Saab, é o sucessor do Grippen, um caça de sucesso (e tem sua origem
remota no Viggen, avião de combate de ótima reputação, símbolo da boa
engenharia sueca), mas ainda está no papel. Isso foi apontado como
vantagem: ao participar do projeto, o Brasil leva de brinde ampla
transferência de tecnologia, podendo criar uma base que lhe permitirá,
no futuro, desenvolver aqui jatos de combate e ataque ao solo.
OK, não é bem assim; falta combinar com os americanos, que fornecem
parte das peças e precisam autorizar a transferência desta tecnologia.
Mas é um bom começo. Ou seria: afinal, quais as necessidades militares
do Brasil? E da FAB?
As Forças Armadas estão mal de verbas, equipamentos e infraestrutura. Há
falta de refeições para os recrutas e de munição para exercícios de
tiro. Seria a compra de aviões o projeto prioritário? Imaginemos que
seja. Mas é de caças supersônicos que o Brasil, que não tem pendências
com os vizinhos há mais de um século, precisa? Vigiar as fronteiras,
patrulhar o pré-sal, tudo isso não seria feito, e bem, por aviões não
tripulados, os drones, que custam muito menos? Quantos drones de última
geração poderiam ser comprados pelo preço dos Grippen?
É questão de conceito: as magníficas trincheiras francesas, de ótima
tecnologia, não resistiram ao novo conceito da guerra blindada alemã. Os
drones talvez sejam o futuro da aviação militar num país pacífico com
muita coisa a defender.
Carlos Brikmann
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