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Acabou a Graça


Foster e outros cinco diretores renunciam cargos na Petrobras
A presidente Graça Foster e outros cinco diretores da Petrobras renunciaram ao cargo, segundo informou a estatal, ontem – rejeitando, assim, o cronograma de saída, acertado entre Foster e a presidente Dilma Rousseff, proposta para o fim de fevereiro. Em comunicado ao mercado emitido na manhã de ontem, a empresa afirmou que “o Conselho de Administração se reunirá na sexta-feira, dia 6, para eleger a nova diretoria face à renúncia da presidente e de cinco diretores”.
A nota da Petrobras atendeu ao pedido da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a xerife do mercado financeiro, a respeito de reportagem da Folha de terça-feira (3), informando que o Palácio do Planalto já havia avisado Graça de que ela seria substituída. Sua permanência no cargo ficou insustentável em meio às denúncias de corrupção na Petrobras, levantadas na Operação Lava Jato, e ineficiência na execução de projetos.
Até a renúncia também ocupavam a diretoria José Miranda Formigli (Exploração e Produção), Almir Guilherme Barbassa (área Financeira), José Alcides Santoro Martins (Gás e Energia), José Carlos Cosenza (Abastecimento) e José Antônio de Figueiredo (Engenharia). Há ainda a diretoria de Governança, Risco e Conformidade, criada este ano e cujo diretor será João Adalberto Elek Júnior.

ESTOPIM
No dia 30 de janeiro, Graça reclamou com a presidente sobre a pressão que vem sofrendo e colocou, novamente, seu cargo à disposição. Ao contrário das negativas anteriores, desta vez Dilma concordou com a saída da auxiliar, de quem é amiga. A posição de Dilma só mudou depois que o Conselho de Administração da empresa divulgou, na semana passada, uma baixa em seus ativos da ordem de R$ 88 bilhões, fruto de desvios e ineficiência na execução de projetos.
O número acabou fora do balanço não auditado referente ao terceiro trimestre de 2014, mas enfureceu Dilma, que considerou a conta descabida e superestimada. Para ela, conforme definiram assessores, a sua mera divulgação foi um “tiro no pé.” Na opinião de ministros, a chefe da empresa jamais poderia ter deixado que os consultores contratados para fazer o cálculo chegassem a um número tão alto sem contestação da metodologia.
O episódio acabou deteriorando ainda mais a situação financeira da Petrobras, que perdeu quase 3/4 de seu valor de mercado nos últimos anos devido à política de investimentos considerada inflada e à corrupção. A CMV pediu esclarecimentos após a notícia causar uma forte alta nas ações da empresa durante o pregão de terça. As ações ordinárias (com direito a voto) fecharam em alta de 14,24% e bateram em R$ 9,79. As preferenciais (sem direito a voto) tiveram alta de 15,47%, a R$ 10,00. Logo após a confirmação da saída da presidente, os papéis preferenciais chegaram a subir 7,80% e os ordinários, 8,27%, mas perderam força.

NOMES
A troca na presidência da estatal só não ocorreu ainda por falta de um sucessor imediato a Graça Foster. Alguns dos cotados mostraram resistência em assumir o cargo antes da atual diretoria resolver os problemas do balanço financeiro da empresa. O Palácio do Planalto procura um nome de fora da companhia, de preferência do mercado, que dê um choque de credibilidade à empresa, mas tem enfrentado dificuldades para encontrar um executivo que se disponha a assumir o controle da estatal em meio ao maior escândalo de corrupção de sua história.
Dilma deflagrou, no fim da semana passada, o processo de escolha de possíveis substitutos para o comando da Petrobras. A operação ficou a cargo do ministro Joaquim Levy (Fazenda). Na próxima sexta-feira, o ex-presidente Lula deve sugerir o nome de Henrique Meirelles para a vaga, já que ele e Dilma se encontrarão em Belo Horizonte no evento de comemoração dos 35 anos do PT. Contudo, assessores presidenciais ponderam porque Dilma não simpatiza com Meirelles.
Outro que está no radar de auxiliares presidenciais é Murilo Ferreira, presidente da Vale. Um ministro considera, no entanto, arriscada a indicação do executivo. O mercado espera uma opção menos identificada com Dilma, assim como foi feito na Fazenda. Executivos foram sondados para ocupar o Conselho de Administração da Petrobras, mas a não divulgação do prejuízo com a corrupção adiou a definição do “grupo de notáveis”.
A lista de citados por colaboradores da presidente, inclui, ainda, outros nomes já cogitados desde que eclodiu a crise na Petrobras, como os do ex-presidente da BR Distribuidora, Rodolfo Landim; ex-funcionário da companhia e hoje da Ouro Preto Petróleo e Gás, e Roger Agnelli, que presidiu a Vale. Ontem, uma nova possibilidade foi cogitada: Eduarda La Rocque, ex-secretária da Fazenda do município do Rio, próxima ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

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