Após
discussão acirrada e votação polêmica, a cultura receberá R$ 34 milhões
do Tesouro Estadual, para a execução de programas em parceria com
pessoas jurídicas do setor privado ou pessoas físicas. O projeto foi
aprovado, ontem, na Assembleia Legislativa, com adição de duas emendas
apresentadas pelo líder do Governo, deputado Evandro Leitão (PDT).
Outra, de autoria do deputado Heitor Férrer (PDT) foi rejeitada e
fomentou grande parte da discussão, com críticas, inclusive, de colegas
do próprio partido de Heitor. Do montante, serão destinados R$ 372,4 mil
para o programa Memória Cultural, R$ 30,7 milhões para o incentivo às
artes e culturas regionais, R$ 2,7 milhões para o incentivo à cultura e
ao conhecimento, e R$ 883 mil para a promoção da juventude.
PDT em colisão
Antes da votação do projeto, a Assembleia debateu e votou contra o
recurso assinado por cinco parlamentares, para a tramitação de emenda de
autoria de Férrer, que alterava os valores destinados aos programas. Na
ressalva, Heitor ponderou que os valores direcionados para a
preservação do patrimônio histórico do Estado era irrelevante (R$ 372,4
mil) e propôs remanejamento da verba, no valor de R$ 8 milhões para a
área. “Estou fazendo isso no sentido de contribuir para que esses
recursos sejam melhor distribuídos e equilibrados para a cultura do
Ceará”, justificou.
A proposição do pedetista não foi bem vista por grande parte da base
do governo, principalmente, pelo deputado Ferreira Aragão (PDT), que é
do mesmo partido de Heitor. “A ideia é excelente, mas carece de respaldo
legal. Estou falando aqui como advogado e não como deputado”, disse
Aragão. para o parlamentar, Heitor fez uma “invasão de competência” dos
valores que já estavam estabelecidos no orçamento proposto pelo governo.
“Para que ele fizesse isso, ele precisaria ser o governador”, criticou.
Competência
A fala de Ferreira Aragão abriu uma nova discussão na Casa quanto à
prerrogativa da Assembleia em modificar as mensagens e projetos oriundos
do Governo. “Diga onde está a ilegalidade”, disse exaltado a Ferreira
Aragão, o deputado Tomaz Holanda (PPS). Em meio à discussão, em aparte,
Heitor explicou que o Executivo tem a função de originar a matéria,
contudo, modificá-la é competência institucional da Casa. “A autonomia
do Parlamento é tão grande que somos nós que damos posse ao governador,
como também somos nós que podemos cassá-lo, bem como alterar suas
mensagens”, pontuou Heitor Férrer.
Sendo favorável à tramitação de emenda de Heitor Ferrer, o deputado
Renato Roseno (Psol) ponderou que, se a Assembleia não tiver a
prerrogativa de modificar por meio de emenda uma matéria do governo,
pode fechar a Casa. “Antes de discutir o mérito da matéria, é preciso
discutir a prerrogativa constitucional de que a sociedade do Ceará nos
deu, em sermos deputadas e deputados, para que não sejamos,
exclusivamente, uma correia de transmissão do Palácio”, afirmou, dando
conta de que a Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel, que tem
um acervo de aproximadamente 115 mil volumes, está fechada a cerca de um
ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário