Deram o pé, agora vão ter que das as mãos

Mototaxistas reivindicam uso da faixa exclusiva
 
Camila Vasconcelos
Da Redação

Quando se precisa chegar a um lugar rapidamente e sem ter que pagar um preço alto por isso, boa parte da população opta por utilizar um mototáxi. No entanto, depois da implantação das faixas exclusivas para o transporte coletivo em algumas vias de Fortaleza, a categoria está se sentindo prejudicada. Eles afirmam que as faixas que sobraram para o tráfego deles e dos outros tipos de veículos, diminuíram e, por consequência, estão gastando mais tempo entre uma corrida e outra. Neste sentido, os mototaxistas reivindicam o direito de poder, também, usufruir da faixa exclusiva, assim como as vans, os transportes escolares e os táxis.
“Tem avenidas que de um lado tem a faixa do ônibus e do outro a ciclofaixa para as bicicletas. O que sobra, são duas vias apertadas para o tráfego. Fora isso, tem a discordância de direito no sentido de que os táxis, por serem considerados transporte público de uso privado têm o direito de andar na faixa exclusiva, sendo que o os mototaxistas também prestam serviço público e por isso deveríamos estar inclusos.  O direito não é para a categoria, é para o próprio povo, usuário de mototáxi. Pois eles serão os maiores beneficiados, pois poderão chegar ao destino mais rapidamente”, afirmou José Vieira, presidente do Sindicato dos Mototaxistas de Fortaleza.
Segundo ele, o faturamento no final do mês caiu 30% e o tempo de viagem aumentou cerca de 40% em alguns trechos após a implantação das faixas exclusivas para o transporte público. “Se uma pessoa se desloca de mototáxi, é porque ele está apressado, mas quando pegamos as vias com as faixas, é mesmo que nada, pois perdemos muito tempo. Antes, se gastava cerca de 5 minutos da Avenida Domingos Olímpio e a Desembargador Moreira. Agora, se gasta 15 minutos. Quando pegamos um passageiro e dizemos o tempo médio da corrida, alguns desistem e afirmam preferir o ônibus. Está inviável para nós”, acrescentou Vieira.  

Dificuldade
Jardeson Alves é mototaxista há dois anos e diz que evita trafegar nas avenidas onde foram implantadas as faixas exclusivas. “Perco muito tempo, pois os carros ficam muito próximos em filas, então não temos como nos adiantar. Na Antônio Sales, por exemplo, é muito difícil trafegar, principalmente nos horários de pico”. Outra dificuldade apontada pelos mototaxistas é o fato de, por estarem distantes do acostamento, dificulta atender os usuários que chamam na calçada ou nas paradas de ônibus. “Fica mais difícil, pois eles não conseguem nos ver, por causa dos ônibus, e nós não conseguimos atendê-los a tempo, pois temos que desviar dos ônibus para acessar a faixa”.

Manifestações
Segundo o presidente do Sindicato, o direito já é debatido há algum tempo, mas não há retorno da prefeitura. No dia 10 de fevereiro, os mototaxistas realizam uma manifestação no Centro de Fortaleza. Eles reivindicaram maior reconhecimento para a categoria e a possibilidade de transitarem nas faixas exclusivas para ônibus. Mas, segundo o presidente do sindicato, ainda não tiveram retorno do poder municipal. “Já apresentamos nossas reivindicações e nada acontece. Mas continuaremos na luta”. A categoria irá se reunir no final da tarde de hoje no intuito de planejar novas ações no sentido de chamar a atenção do poder público. “Vamos nos mobilizar e ver novas ações. Se for preciso, fecharemos ruas e avenidas da cidade para mostrar que existimos e que somos um setor importante na sociedade”, disse Vieira, acrescentando que cerca de 20 mil passageiros utilizam mototáxis por dia.

Avaliação futura
Em nota, a Prefeitura de Fortaleza esclarece que os mototaxistas podem adentrar nas faixas exclusivas de ônibus, mas apenas no caso de embarque e desembarque de passageiros, além de acesso ao lote e conversões à direita. No entanto, o livre acesso permanece proibido, mas o órgão avaliará a capacidade de carga e fluxo das referidas faixas após a implantação total dos 122 km de faixas exclusivas na cidade. “O programa deverá ser concluído entre julho e agosto deste ano. Somente após a implantação, no segundo semestre, técnicos do Plano de Ações Imediatas de Transporte e Trânsito (Paitt) e da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), irão avaliar se as faixas comportarão receber os mototaxistas”. Hoje, Fortaleza conta com 60 km de faixas exclusivas para o transporte coletivo.

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