Opinião

janio de freitas
janio de freitas Colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa as questões políticas e econômicas. Escreve aos domingos, terças e quintas.

Talvez uma novidade

Lula na ativa: se não ocorrer um imprevisto, suas reuniões com parte da cúpula do PMDB e, depois, com parlamentares do PT são como o esquentar de motores. Já proporcionaram, porém, duas observações sugestivas de sua interpretação do momento, ou da sua linha de ação.
O encontro com peemedebistas ficou restrito ao nível de senadores e ex-senadores. É notório, porém, que está na Câmara, e não no Senado, o embaraço do governo e do PT com os peemedebistas. Mas a conversa apenas nas alturas senatoriais podia oferecer um modo sutil de não incluir Eduardo Cunha na conversa com algumas franquezas. Encontro proposto por Lula mas, em outra escolha sugestiva, feito na casa de Renan Calheiros.
As informações sobre a conversa são poucas e esparsas. Ainda assim, é certo que Lula considera a melhoria e a intensificação das relações de Dilma "com os chefes dos Poderes" como um ponto de partida com grande potencial para distender o ambiente de crise. É uma ideia curiosa, porque a Eduardo Cunha o que menos interessou até agora, e a atitude de Renan Calheiros o segue, foi aproximação com Dilma e distensão do ambiente. O seu projeto não vem daí e não vai para aí.
Ainda nesse capítulo, não chega a ser curioso, mas é sugestivo que Lula, embora ache que Dilma deva fazer a aproximação, apresente a proposta aos peemedebistas. Não a ela. Ou já fez, em vão, ou tem outro motivo para não a levar a Dilma. As duas sugerem ter a mesma causa.
Lula na ativa pode ser o surgimento, afinal, de alguém que procure levantar um contraste para Eduardo Cunha e dar algumas respostas à oposição. O que o PT inteiro se mostra incapaz de fazer, mesmo não faltando elementos históricos e atuais para sobrepor o debate ao uníssono permitido à oposição –e, por sinal, usado de maneira tão medíocre.
Se Lula quiser sair do volume morto em que se vê, pode ser ao menos uma novidade na platitude deste meio ano do novo mandato da nova Dilma.

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