“A Comissão Mista de Orçamento (CMO) começará a votar amanhã(4) o
projeto de lei que altera a meta fiscal de 2015, disse há pouco a
presidenta da comissão, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES). Segundo ela,
o governo apresentará, ainda hoje (3), uma tabela detalhada com os
atrasos de repasses a bancos públicos para que os parlamentares deem
início à discussão do projeto que altera a meta de déficit primário.
“Essa foi uma condição imposta pelos parlamentares para votar a nova
meta. A gente precisa saber, detalhadamente, de quanto são as pedaladas,
discriminadas despesa por despesa”, declarou a senadora após se reunir
por quase duas horas com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
De acordo com Rose de Freitas, Levy não informou exatamente o valor
das pendências nos repasses a bancos públicos neste ano. Segundo ela, o
montante ficará próximo dos R$ 55 bilhões anunciados na última
quinta-feira (29) pelo relator do projeto que altera a meta fiscal de
2015, deputado Hugo Leal (PROS-RJ).
“O ministro disse que haverá ajustes [no valor dos atrasos], mas nada
muito grande. O valor ficará próximo do que já foi anunciado”, declarou
a senadora. A presidenta da CMO informou que a equipe econômica
divulgará um cronograma de pagamento das dívidas com os bancos públicos,
mas, durante a reunião, Levy não explicou se o pagamento será feito
integralmente neste ano ou se será parcelado em vários anos.
A senadora destacou que uma eventual recomendação do TCU para que os
débitos sejam quitados em 2015 não interferirá na decisão dos
parlamentares sobre a forma de pagamento. “O TCU é um órgão auxiliar. A
palavra final cabe à comissão”, explicou. O ministro Levy saiu da
reunião sem falar com a imprensa.
Na semana passada, o governo enviou ao Congresso uma emenda ao
projeto de lei que muda a meta fiscal de 2015. A proposta estabelece uma
meta de deficit primário (resultado negativo antes do pagamento dos
juros da dívida pública) de R$ 51,8 bilhões. O valor, no entanto, pode
aumentar para R$ 117,8 bilhões caso o governo resolva pagar os atrasos
nos repasses aos bancos públicos em 2015 e não consiga fazer o leilão
para renovar as concessões de usinas hidrelétricas neste ano.
Os atrasos nos repasses do Tesouro Nacional a bancos públicos foi um
dos fatores que levaram o TCU a recomendar a rejeição das contas do
governo federal em 2014. O tribunal entendeu que o fato de o governo ter
adiado o pagamento a bancos oficiais que pagam benefícios como o Bolsa
Família, o seguro-desemprego e concedem financiamento subsidiados (com
juros abaixo do mercado) configurou uma tomada de empréstimo oficial
pelo Tesouro, o que fere a Lei de Responsabilidade Fiscal.
De acordo com o Tesouro Nacional, o governo voltou a ficar em dia com
os bancos públicos que operam o pagamento de programas sociais e de
benefícios trabalhistas, mas os pagamentos ao Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que opera as linhas de
crédito do Programa de Sustentação do Investimento, e ao Banco do
Brasil, que opera o Plano Safra, continuaram com atrasos por causa de
uma portaria editada pelo Ministério da Fazenda em 2012.”
(Agência Brasil)
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