Opinião
Planeta Barril de Pólvora
Por Marli Gonçalves
As coisas parecem ter se acelerado e temo não ser só uma mera impressão minha.
Nos últimos dias nosso país deu mais alguns passos em direção ao abismo, ao precipício, e a avalanche de lama com
minérios é simbólica e infernalmente definitiva. Já o mundo, esse, treme todo com a incerteza do que é que
exatamente combate
Eles são jovens, atléticos, bonitos,
(sim, claro que depois de um
bom banho), rústicos. Parecem especialmente corajosos e arrojados em
suas covardias contra o mundo civilizado que consideram poder destruir.
Alinham exércitos de desencantados de várias nações, encantados com
promessas de além-túmulo vendidas em
apuradas embalagens religiosas. Sorrateiros, trazem uma nova estética e
não demorará a indústria da moda perceberá
um veio de ouro naquelas barbas, na paleta de cores terrosas, nos véus
negros. A mim parece que já estão entre nós,
sorrateiros, passando-se por modernos. Ainda prefiro o branco e o preto,
e as revoluções trazidas pelo amor livre, pelo rock e pela Paz.
Mas agora parece que o sonho acabou. Mesmo. Agora.
O que foi que
especialmente aconteceu nesses últimos anos
para que a radicalização mudasse de cara assim? Quem é o gênio do
marketing por detrás desse Estado Islâmico?
Quem é o Goebbels deles? Procurem-no. Como evitar que tão habilmente
usem o poder da internet que tanto facilita o incremento de suas
fileiras com esses pensamentos confusos?
Depois dos atentados de
Paris parece que não teremos mais
sossego. Uma coisa levando a outra, traçando uma nova conjuntura de
forças de guerra, poucas de paz, todas de poder. 14 anos depois das
torres gêmeas virem ao chão como cena de cinema agora são outras as
cenas que assistimos ao vivo pipocando em todos os
continentes, inquietando países inteiros. Eles não sabem o que fazem,
não têm nada a perder, e ainda acreditam que como
mártires alcançarão um éden - no fundo completamente orgiástico com suas
virgens e ereções eternas.
Se vão continuar rezando lá nesse paraíso, só Alá saberá dizer.
Como se num caldeirão se
misturassem gotas de uma receita de bomba: duas gotas de Che Guevara,
com uma pitada de Fidel Castro, quatro ou cinco braços e pernas de
nazistas, três barrigas de ditadores africanos, ossos de Bin Laden, uns
pelos de bigode de Trotsky com cabelos de Saddam, pólvora,
salpicado de pó de mico misturado com miolos de Chavez, Pinochet e
Videla para dar liga. Quem pensava que era uma Besta 666 que viria
não podia imaginar que se reproduziriam com tamanha rapidez.
Apavorada, assisti a um documentário que
conseguiu mostrar ainda a atração de mulheres para o ninho das bestas, o que nos faz crer que já há uma
procriação. Mulheres que querem casar, vindas de todos os lugares.
Não é mais
fábula. Não tem magia, lâmpadas, gênios ou tapetes voadores.
Momento insano. Aqui, Minas
Gerais chega ao mar em estado mineral, enquanto nos fazem de palhaços numa crise política, econômica e ética sem
precedentes, com personagens sórdidos se revezando ao microfone do palanque das más notícias diante de atônitos de um lado
e bem-intencionados de araque de outro.
O pavio está queimando. E ele é curto.
São Paulo, um 2015 para esquecer.
MARLI
GONÇALVES, JORNALISTA -- - Não queria ver isso. Esse novo século deveria ser livre, para a frente, ser o Futuro,
o que víamos na ficção, em outros planetas. Mas estes homens são da Terra, as mulheres também, e é nela que
estamos.
Originado em chumbogordo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário