POLICIAL NÃO É PROFETA!
A grita foi geral da comunidade icoense, nesse final de
semana, em face do homicídio bárbaro que teve como vítima Lucas José, em
nosso torrão da Ribeira do Salgado e, pasme, sem identificação alguma
dos facínoras que roubam vidas alheias, com a mesma naturalidade de
Pilatos, ao lavar as mãos em detrimento ao sofrimento de Jesus de
Nazaré.
Culpar unicamente a Polícia, a Espada da Justiça, a
Segurança Pública, o Estado no sentido lato sensu, parece numa rápida
leitura, instrumento de uma indignação legítima, porém, ao passo que o
crítico também, “nunca viu nada; nunca sabe nada; e nada tem a declarar à
polícia”.
A indignação, por esse viés e omissão, restará à perversa
verdade: "criminoso solto, vidas levadas a óbito, e, a reclamação do
povo bem viva e diária cotidianamente".
Policial não é profeta. Se não existe denúncia, mesmo que anônima, não existirá prisões. Simples assim!
E antes da pedrada, lembre-se: advogado não faz apologia a crime algum e nem se sensibiliza com seus praticantes.
Com quase 23 anos de militância na advocacia – entre
formatura e estágio -, confesso que realmente teve uma metamorfose
enorme, para conseqüências horríveis, na atualidade.
Nos presídios, antigamente, repousavam com a
responsabilidade do Estado\SEJUS, alguns transeuntes rotineiros de Icó
que bebericavam umas caninhas e outros meios etílicos nos finais de
semana e, de conseguinte, praticavam a chamada embriagues e desordem,
onde apelidávamos de “bonecos”; homicidas de brigas familiares;
discussões de vizinhos que resolviam pela não civilidade e, daí, se
agrediam fisicamente; um descuidista aqui e acolá; ameaças,
estelionatários, et cétera e tal. Eram as maiores tipificações penais.
Na Casa de Câmara e Cadeia, antigo presídio do município,
observava-se como natural que pessoas simples do povo, passavam por lá
para emprestar alguns trocados aos presos, seja para um lanche rápido,
e\ou para comprarem um cigarro, um pacote de bolacha, pra passar-lhes o
tempo...
É lógico que a realidade é outra! É bem diferente!
Chego aos 46 anos de vida e, da minha festejada
adolescência, até os dias atuais, não tenho nenhum contemporâneo, amigo
de infância, que fosse (ainda continua assim), envolvido com drogas,
violência, ou afeitos a ferir o ordenamento jurídico penal.
E graças a Deus, grande parte deles – os meus amigos -,
está em Icó e, continuam sendo cidadãos honrados, prestimosos, pais de
famílias e esposos exemplares de nossa sociedade.
O que houve para repentinas mudanças?
A modernidade é a culpada da democracia inversa? A educação
deseduca? Os pais perderam a noção do tradicional conselho aos filhos? A
omissão virou cúmplice da violência? O acreditar na paz, no amor, no
compromisso dito e feito, estão, todos, mudando de endereço? A fé não
remove mais montanhas?
Chegou a hora, novamente, de convocar a sociedade pra
discutir sobre violência, leia-se, segurança pública. Clubes de
serviços, aparato policial, igreja, sociedade, indignados, pais de
famílias, jovens, enfim, todos devem comparecer.
Vamos marcar dia e hora! Antes que seja tarde demais!
Mas a polícia não é profeta e, a omissão com certeza, “a dona de todos os crimes”.
Essa é uma tarefa pra adultos e cidadãos!
(Por Fabrício Moreira da Costa, advogado e contista).
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