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Tucanagem cai na real

Elevada carga tributária reforça posição dos tucanos contra eventual aumento de impostos 
hauly e raimundo
Deputados do PSDB na Câmara reiteraram nesta segunda-feira (6) que a bancada não apoiará no Congresso projetos que aumentem ou criem tributos. Em vez disso, defendem um controle maior de gastos públicos e mais eficiência na gestão. A posição dos tucanos é fortalecida pelos números relativos à elevada e crescente carga tributária no Brasil.
Segundo o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), a sociedade não aguenta mais aumento de tributos. Por isso o partido já acordou, em âmbito nacional, que não tem compromisso de votar no Parlamento eventuais aumentos. A decisão foi anunciada em Plenário na semana passada.
NÚMEROS IMPRESSIONANTES
De acordo com o Impostômetro, só este ano os brasileiros já pagaram mais de R$ 870 bilhões em impostos. Comprar esse dinheiro, seria possível comprar, por exemplo, mais de 10 milhões de ambulâncias equipadas.
Na comparação entre 2005 – ano em que essa ferramenta de medir impostos foi criada, até o final de 2015, o percentual da carga tributária sobre a soma das riquezas produzidas no país aumentou: passou de 33,19% do PIB para 35,42% no ano passado.
“É uma das mais altas cargas tributárias do mundo, com pouco retorno em serviço de qualidade”, disse o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE). Para ele, a solução da crise econômica não passa por aumento da carga tributária. Ao contrário: isso pode paralisar ainda mais a economia e até agravar a situação.
Com os constantes aumentos, o contribuinte brasileiro trabalha quase cinco meses somente para pagar as obrigações tributárias, o que inclui impostos, taxas e contribuições exigidos pelos governos federal, estaduais e municipais. Se em 2005 o trabalhador brasileiro cumpria 140 dias só para cobrir as despesas tributárias, em 2015 este número chega a 151 dias, ou seja, ao longo de 12 meses de trabalho, cinco são apenas para pagar impostos.
“Na visão do PSDB se a carga tributária diminuir, certamente a população em geral terá mais acesso à compra de bens e as empresas voltarão a produzir mais e a gerar emprego”, disse Gomes de Matos. Ele avalia que outra forma de sair da crise econômica é dar maior eficiência a máquina pública, diminuindo despesas. “Com certeza com essa reestruturação e aprovação de projetos de interesse da sociedade a estrutura pública terá maior eficiência”, ressaltou.
Já o deputado Luiz Carlos Hauly (PR) diz que a alternativa é mesmo cortar despesa. “Fazer um pente fino, revendo despesa por despesa, todas as estruturas do governo federal e tomar atitude firme e enérgica. Não há outro caminho”, disse. Para ele, é preciso manter a coerência e votar em benefício da população e da governabilidade.
Hauly diz ainda que a gestão precisa ter cuidado para administrar o enorme déficit nominal que chega a R$ 600 bilhões/ano, muito acima do déficit público estimado em R$ 170 bilhões para este ano. A diferença é que o déficit público não inclui pagamento de juros. E nenhum dos dois inclui a inflação.
Desde 2004, a arrecadação tributária cresceu de R$ 650,13 bilhões para R$ 1,9 trilhão, com crescimento nominal de 201% e crescimento real de 78%, excluindo a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

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