“Uma pesquisa feita pelo Instituto Patrícia Galvão, organização
social sem fins lucrativos voltada à comunicação e aos direitos das
mulheres, revela que os partidos políticos brasileiros convidam mulheres
para concorrer em eleições apenas para preencher a cota mínima exigida
por lei.
O tema foi debatido hoje (8) na capital paulista, no seminário
Desafios para a Igualdade de Gênero nas Eleições Municipais de 2016. O
estudo foi realizado em 2014 com base em entrevistas com 14 mulheres que
concorreram como vereadoras na eleição de 2012. Metade delas conseguiu
se eleger.
Segundo a pesquisa, o convite dos partidos é feito com um ou dois
meses de antecedência das campanhas políticas, mostrando o baixo
interesse dos partidos em formar candidatas com chance real de
vitória. “É preciso se preparar pelo menos um ano antes, tem que
preparar estratégia, mostrar a militância. Sou contra decidir ser
candidata uma semana antes da convenção, nós temos que desencorajar
isso”, disse Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia
Galvão.
Entre as razões que levam essas mulheres a aceitar os convites estão a
preocupação em ajudar o partido ao qual já são filiadas, além do gosto
pelo desafio. As candidatas alegaram ainda o apoio de amigos e
familiares, que se comprometem a ajudar na campanha.
De acordo com o levantamento, as candidatas em potencial são
engenheiras, advogadas, professoras, policiais, profissionais da saúde
ou líderes de movimentos sociais. “As mulheres, em geral, não se veem
como candidatas. Antes de se candidatar a cargos eletivos já construíram
trajetórias de longa experiência de atuação política, mas não
necessariamente partidária”, diz o estudo.
Figurante
A pesquisa mostra que somente no decorrer da campanha as mulheres
percebem que entraram em um “jogo em que não deveriam ter entrado”. “Ela
passa a ser vista como uma candidata de segunda categoria, de menor
importância”, explica Jacira. O estudo mostra ainda que as candidatas
mulheres não são vistas pelos partidos como participantes ativas, mas
figurantes.
Para reverter esse quadro, conclui o estudo, a mulher precisa se
integrar à estrutura do partido e atuar como protagonista. “É essencial
frequentar o partido nos espaços de disputa e fazer parte da dinâmica do
poder. A disponibilidade para o tempo partidário tem a ver com o tempo
masculino na vida pública e privada”, diz a pesquisa.”
(Agência Brasil)
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