Hospital Universitário realiza com sucesso primeira cirurgia cardíaca por vídeo
Em
mais uma iniciativa inovadora, o Hospital Universitário Walter
Cantídio, do complexo hospitalar da Universidade Federal do Ceará,
realizou a primeira videocirurgia cardíaca de sua história. A paciente,
uma jovem de 21 anos, foi submetida ao procedimento em julho em razão de
uma cardiopatia congênita chamada de comunicação interatrial (CIA), uma
abertura no septo interatrial, parede muscular que permite a passagem
do sangue do átrio esquerdo (cavidade do coração) para o direito. Ela já
recebeu alta e passa bem.
Tradicionalmente, a
cirurgia cardíaca é realizada por meio de uma grande incisão, de 20 cm a
30 cm de comprimento, dividindo completamente o osso do peito, o
esterno, para uma ampla visão por parte do cirurgião. No procedimento
por vídeo, a cirurgia passa a ser realizada pelo lado direito, no espaço
natural que existe entre as costelas, com incisão de aproximadamente 4
cm a 5 cm e auxílio de uma microcâmera de alta definição.
Quando
soube que seria submetida a uma cirurgia inédita no Hospital
Universitário, a recepcionista de laboratório Maria Helena Costa Braga,
natural de Mombaça, município do interior do Estado, teve medo. "Bateu
logo o nervosismo porque cirurgia no coração sempre é delicada. Mas,
graças a Deus e à equipe do HU, estou bem. Tem gente que nem acredita
que fui operada. A gente se recupera mais rápido", comenta a jovem.
ALTA HOSPITALAR
– Foi tudo muito rápido mesmo. Enquanto uma cirurgia cardíaca
tradicional pede um período de internação de 30 dias, no procedimento
minimamente invasivo realizado em Maria Helena, a alta hospitalar veio
na manhã do quarto dia após a videocirurgia. Josué de Castro, cirurgião
cardíaco do Hospital Universitário e responsável médico pela
intervenção, explica que cirurgias minimamente invasivas como essa feita
no HU, filial da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh),
são fundamentais para reduzir o impacto do procedimento na qualidade de
vida do paciente.
O cirurgião descreve os
motivos que o levaram a mergulhar no universo das cirurgias cardíacas há
cerca de 20 anos e a torná-las menos traumáticas e invasivas para
pacientes como Maria Helena: "O tamanho da incisão de até 30 cm; o
trauma cirúrgico, sendo a divisão óssea realizada com uma serra
elétrica; a necessidade de um internamento e uma reabilitação
prolongados para a recuperação; a dificuldade de retorno às atividades
dos pacientes operados; a atitude de abrir a camisa para mostrar aquela
cicatriz, como se tivesse superado algo impossível; tudo isso muito me
marcou e me fez pensar em novas possibilidades de intervenção
cirúrgica".
NOVOS PROCEDIMENTOS – Tanto
Josué de Castro como a equipe multidisciplinar estão confiantes e
ansiosos por novos procedimentos dessa natureza. "Serão necessários
apoio institucional e definição de um time de profissionais específico
para esse tipo de cirurgia", diz, acrescentando que há planos para
implantar um centro de cirurgia cardíaca minimamente invasiva no HUWC.
Para a videocirurgia de Maria Helena, estiveram envolvidos 11
profissionais, como cirurgiões, anestesiologistas, cardiologistas,
enfermeiros e técnicos de enfermagem.
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