Baú de ossos

Hoje, 32 anos passados, desembarcava a essa hora na Cidade do México depois de um voo cansativo desde Nova Iorque, onde fui cobrir a abertura da sessão anual da ONU com o discurso do presidente José Sarney. A terra havia tremido na Cidade do México e os estragos eram inacreditáveis. Lembro que fui direto para o Hotel Shereaton Maria Izabel, um dos poucos edifícios do centro moderno, que se mistura ao antigo, intacto. O prédio do Sheraton foi construido com técnicas então exigidas pelo Governo, preparado para suportar os tremores da região. 
Foi a visão do caos. Um olhar sobre o inferno. Ontem, quando a ONU tinha sua sessão de abertura sendo repetida, a terra voltou a tremer na Cidade do México e outra vez a visão do caos se nos impõe pensamentos e reflexões. O calor do inferno, com o cheiro forte,vindo dos escombros e de corpos dilacerados e mortos, outra vez nos põe da cena.
Meu Deus!
Quantos mortos desta vez?
A dor da perda para quem fica é a dor que sobrevive à terra em tremores e deixa para sempre a alma trêmula, a vida em xeque, outra vez com a morte tão próxima, tão inesperada, tão violenta e cruel.
O repórter tem memórias e lembranças e sofre outra vez a dor do  outro.

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