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Bom dia

"O BLOCO SIRIRICA, O COMUNISTA E A ESPERANÇA

O BATO SIRIRICA e as reações a ele, antes mesmo de sair nas ruas de Sobral, me lembram ( sem querer comparar, apenas para argumentar ) dos debates que provocaram os 3 dias de Woodstock, aqui nos Estados Unidos, em 1969, especialmente nas cidades vizinhas... mas , depois como uma onda, tomou conta dos diversos espaços de discussão. Fato inscrito entre as manifestações que tornaram o mundo mais livre e feliz.

Às vezes, as formas chocam mais, e não se percebem os conteúdos... e é assim mesmo, porque é muito pelos olhos que chegam as informações ao cérebro( embora essa comunicação não tenha essa mecânica porque quem enxerga é o cérebro e não os olhos). O problema é que, às vezes, o cérebro é fechado, blindado para o que os “ olhos enxergam” e se produz uma dupla postura, sínica atitude: socialmente, para o publico, para a família, tenho uma atitude, mas pessoalmente, na reservadíssima intimidade ( com meus botões ) tenho outra...

Daí a importância também da forma. Muitas vezes necessária para o sair da velha letargia social e que faz “ aquela velha opinião formada sobre tudo” prevalecer sobre a necessária metamorfose social, indispensável para um mundo justo e fraterno. Um mundo em que mesmo no escuro da noite, haja luz.Preciso dizer para vocês que dorme, faz é tempo, no meu coração um desejo terrível de indisciplina ...sono leve.

É muitíssimo importante a intensa movimentação cultural, em Sobral ( dez para o #ocupasobral, que o Prefeito Ivo criou), os debates, os processo de crítica e autocrítica, a liberdade das várias formas de expressão, às vezes, até uns excessos são úteis ...dinâmica social que ilumina a vida.

O SIRIRICA me lembra também da mãe de um
amigo meu, o Davi, aconselhando ao filho( após meu retorno para Sobral) para ele não andar comigo porque eu não era boa companhia, pois era um comunista. Um comunista não era boa amizade, além de perigoso, era um mal exemplo.

O SIRIRICA me lembra também de um questionamento da minha presença entre os padrinhos do batizado de crisma do meu afilhado e sobrinho Petronio Frota.."o que ele está fazendo ali? indagava o batizador do dia. O que o diretor do Colégio Sobralense, Prof Raimundo Arcanjo, respondeu, "ele é o padrinho do Petronio, que está ao lado dele"...

O SIRIRICA me lembra também da amiga da minha querida sogra,a Dona Maria Helena, encontrando a minha querida Izolda com a mãe no mercantil Joia ( eita que faz tempo)..."Izoldinha e tu tá namorando alguém?"...."Ëstou sim, o Veveu"...e veio a resposta: "vixe, com aquele doidão!"...

O SIRIRICA me lembra quando fizemos a apresentação da vanguardeira peça de teatro "As Três Irmãs", lá no Sinhá Saboia, no Bar do Mestre Lauro. Deu no que falar...depois fomos tomar uma sopa de osso no mercado. Antes teve umas cervejas no Rebenque, que não existe mais. O diretor da peça era o Ivonilo Praciano

O SIRIRICA me lembra também o Dr Neves, excelente médico sobralense, hoje, com mais idade que o papai, dizer para mim, quando foi me visitar, pra minha grande satisfação, no meu Gabinete de Prefeito: " eu me admirava eu te ver nas passeatas de trabalhadores nas ruas de Sobral,quase sempre passavam em frente a minha casa. Eu, me indagava, como pode , o filho do Luciano e da Maria do Carmo, fazendo isso?"

Por sinal, naquela época quase tudo que acontecia de diferente na terrinha, terra de Dom José, era atribuído a mim... Isso em 1982, depois que voltei para Sobral. Antes, em Fortaleza, já estava na luta contra a Ditadura Militar, no movimento estudantil, militante clandestino do PCdoB, cheguei a ser preso porque simplesmente pixava: ABAIXO A DITADURA:MAIS VERBAS PARA EDUCAÇÃO!... fui presidente do DCE da UFC, ....e fiz muitas outras coisas nas lutas pelas liberdades politicas e democráticas.....depois eu contarei...penso num livro.

É muito importante, é necessário a capacidade de conviver com as diferenças, o exercício permanente da tolerância, nos territórios da nossa vida, da nossa existência... isso compõe o espaço real da democracia..

Hoje estou como bolsista Pesquisador Convidado pela Columbia University NYC e, por isso nao estarei na Praça do São Joao com vocês, mas no ano que vem estarei.

A ESPERANÇA de um mundo melhor veio da velhice, lúcida velhice, de diálogo teimoso com meu pai, Luciano de Arruda Coelho, já 87 anos de idade, quando estive ai, nas festas de natal e ano novo, com a sua muita lucidez , que sempre me inspira, (entre uma fortíssima dor e um descanso dela, provocado por uma recém estenose cervical, que o deixou tetraplégico ), disse-me:

“é certo, Veveu, meu filho, que a diversidade é indispensável para construir a paz"

Escondi dele, os meus olhos cheios de lágrimas esperançosas!

Viva a rua!!!


Veveu Arruda

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