Será que ..."tudo vale a pena?"

Histórias de vida
Faz coisa de uns vinte anos, se mais ou se menos, coisas de uns três,na margem de erro, caminhava na bela orla de Camocim quando tomei um susto junto ao repouso dos barcos, das canoas dos pescadores. Toda canoa tem um nome, mas aquele me fez parar, tirar a tampa da lente de uma querida e saudosa canon pequenina e registrar a cena. O nome da embarcação; Cecília Meireles. E ficou por anos a pergunta que perdura: Quem teve a inspiração da homenagem? Por quê? E o tempo passou. Os anos passaram qual os sonhos de envelhecer e ser avô. Ontem, outra vez na orla de Camocim, com a mesma beleza e no mesmo porto dos barcos e canoas dos pescadores, agora passado no tempo e já avô pela segunda vez, eis que me deram o Paulinho e o Pedro Guilherme, peço ao Sargento Nixon, piloto do bóllido que levou minhas saudades da Camocim pelo susto de reencontrar com ela, a Cecilia Meireles. Linda, pintada de cores vivas, como se novinha em folha. Depois das fotos quis saber como tinha sido a vida dela nesss vinte anos. Não, doutor, é outra disse o pescador que conversava com colegas de coragem e de mar, lá dele. Como assim, perguntei, pode ter mais de uma canoa com o mesmo nome? A outra não se sabe. Essa aí é nova. Novinha em folha. Foi ao mar pela primeira vez no domingo. Chegou hoje. E vim eu de volta pra vida com a mesma pergunta; por que a homenagem a Cecília Meireles? - Era uma mulher escritora, ainda ouvi, já fechando a porta do carro, um pescador dizendo pro grupo...Se eu fosse contar todas as histórias de Cecílias Meireles na minha vida...sei, não, viu...

Comentários
Pompeu Macario Batista
Pompeu Macario Batista  
Agora, de madrugada, quando divido essa histórinha com vocês, fiquei matutando...será que foi por causa do poema da Cecília, um poema chamado Canção? Vamos ver se me alembro...Canção

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

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