O puritano John Kellog achava que o “mal solitário” arruinava a saúde. Ele tentou a cura pelo café da manhã
Fábrica da Kellogg Company Foto:Reprodução
O sobrenome do médico John Harvey Kellogg virou, há tempos, sinônimo
de café da manhã. Mas algo que as pessoas não relacionam a ele é uma
forma particularmente radical de puritanismo sexual.
Kellogg era um médico adventista do sétimo dia, extremamente
devoto, que viveu um casamento de 40 anos sem sexo. Ele acreditava que
doenças e pecado andavam juntos: a decadência da alma causa a decadência
do corpo. E, desses vícios, um dos mais letais seria a masturbação.
Chegou a catalogar 39 sintomas de quem se masturbava, incluindo acne, má
postura, epilepsia e palpitações.
Mas havia uma saída para esse mal terrível. Induzindo um estado
mental “saudável”, as tentações podiam ser amenizadas. Para o médico, o
fim dos desejos passava por uma dieta sem carne e sem sabor. Enquanto
trabalhou num sanatório em Battle Creek, Michigan, EUA, dedicou-se ao
tema usando alimentos sem graça supostamente inibidores da libido. Como o
milho puro.
John Harvey Kellogg ReproduçãoUma das versões da história relata um erro do irmão mais novo do dr.
Kellogg: Will Feith teria esquecido no forno, em 1894, uma maçaroca de
milho a ser servida aos pacientes. Os dois trituraram tudo e obtiveram
flocos. Sucesso! Não tinha a menor graça. Corpos e almas seriam salvos.
Em 1897, os irmãos criaram a Sanitas Food Company, que seria
rebatizada de Kellogg Company quando Will adquiriu o controle acionário.
Ele tinha outra ideia para o cereal: adicionou açúcar, tornando o
produto muito mais excitante — e, certamente, tentador. A ideia de John
Kellogg fora pervertida: sucrilhos nunca curariam ninguém do mal manual.
E os irmãos nunca mais se falariam.
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