Ceará faz transferência de chefes de facção para presídios federais em meio à onda de ataques
Objetivo do Governo do Estado é acabar com formação de facções criminosas que comandam crimes de dentro dos presídios.
Por G1 CE
O Governo do Estado do Ceará informou na noite deste domingo (6) que
obteve com o Governo Federal 60 vagas em presídios federais, que devem
receber chefes de facção que atual no estado. Conforme o Governo do
Ceará, um dos chefes já foi transferido para um presídio federal em
outro estado, ainda não informado.
Outros 19 membros de organização criminosa serão levados a outras
unidades federais ainda neste domingo. O estado aguarda uma questão
logística para obter voos para levar os criminosos. Objetivo do Governo
do Estado é acabar com formação de facções criminosas que comandam
crimes de dentro dos presídios.
A transferência ocorre em meio a uma onda de violência no estado, ordenada por chefes de facção que estão presos em unidades presidiárias no Ceará. Desde quarta-feira, criminosos fizeram 98 ataques em 33 cidades do Ceará em uma série de crimes ordenados por presidiários.
A sequência de ataques foi uma represália de criminosos à fala do
secretário da Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque, que
prometeu fiscalizar com mais rigor a entrada de celulares nos presídios.
Desde o início da onda de crime, agentes apreenderam 407 celulares em presídios onde foram ordenados os crimes. Em uma das ações, os presos fizeram um motim.
De acordo com Mauro Albuquerque, o controle da entrada de celulares será "uma das medidas" adotadas na gestão dele
como secretário de Administração Penitenciária, cargo criado no segundo
mandato do governador do Ceará, Camilo Santana, em 1º de janeiro deste
ano. "É uma das medidas, mas não a única. Investir nos equipamentos que
impeçam a entrada de objetos é um trabalho mais importante e que vamos
aprimorar aqui", afirmo Mauro.
"O crime hoje está organizado nacionalmente, para além das divisas. Então não adianta uma unidade possuir o bloqueio [de sinal de celular] e as demais, não. Iniciativas como o Sistema Único de Segurança Pública e o Fundo Penitenciário são importantes para essa nacionalização das medidas", disse.
Reforço policial
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Força Nacional começa a atuar nas ruas de Fortaleza — Foto: Camila Lima/SVM
Desde a quinta-feira, as equipes de segurança do Ceará receberam vários reforços: 300 membros da Força Nacional, 100 policiais militares da Bahia e 50 policiais rodoviárias federais.
As equipes atuam principalmente em blitze, já que a maior parte dos
criminosos usam carros para ir aos locais do crime e em seguida para
fugir, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Ceará.
5º dia de ataques
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Base de telefonia foi explodida na cidade de Limoeiro do Norte, interior do Ceará — Foto: Sistema Verdes Mares
Os crimes ocorrem pelo 5º dia seguido no Ceará. Entre a noite de sábado
e madrugada de domingo, quando uma força tarefa reforçou a segurança no
estado, a intensidade dos crimes reduziu.
Nesse período, já com atuação da Força Nacional, ocorreram oito ataques
no estado. Entre quarta e sexta-feira, ocorreram dezenas de crimes
coordenados por membros de facção por dia no Ceará.
Em um dos ataques neste domingo, criminosos explodiram a base de uma
telefonia em Limoeiro do Norte, na Região Norte do Ceará. Doze
municípios da região ficaram sem o serviço de telefonia móvel da Tim.
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Ceará tem sequência de ataques coordenados por facções criminosas — Foto: /G1
População sem ônibus e comércio fechado
Um dos alvos dos ataques são os ônibus do transporte público da Grande Fortaleza; 20 veículos foram destruídos com material inflamável. Para reduzir o prejuízo, o sindicato retirou os ônibus das ruas.
"Ônibus não tem em prateleira. Você precisa encomendar. Então você tem
toda uma série de prejuízos com falta destes ônibus para poder manter o
nosso desempenho operacional nas ruas", afirma Dimas Barreira,
presidente do Sindicato das Empresas de Ônibus.
Sem transporte público, o comércio teve forte queda nas vendas. Em
plena alta estação, bares e restaurantes fecharam mais cedo em
Fortaleza. "A gente ainda tentou esticar um pouquinho mais, mas os
clientes mesmo foram embora com medo do que está acontecendo aí", diz
Flávio Renan Barros, dono de restaurante.
"Pensamos até em não sair hoje pro evento que a gente tinha se
programado há algum tempo. A sensação é de insegurança", diz a turista
Mônica Lima.
Na noite de sábado, as ruas mais movimentadas de Fortaleza estiveram
com pouco fluxo de veículos e pessoas. Com medo de novos ataques e sem
opção de utilizar os ônibus, a maior parte da população preferiu ficar
em casa.
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