CE transfere líderes de atentados para presídio federal; ataques diminuem
06.jan.2019
- Bombeiro tenta conter incêndio em imóvel do Sistema Nacional de
Emprego, no bairro Barra do Ceará, periferia de Fortaleza Imagem: Jarbas Oliveira/Folhapress
O
governo do Ceará iniciou, neste domingo (6), a transferência de presos
que seriam os mandantes da onda de ataques que assola o estado há quatro
dias. Ao todo, o governo federal teria disponibilizado 60 vagas em
presídios federais para os líderes das ações. Segundo o governo
estadual, um dos chefes de facção já foi transferido, e outros 20 presos
devem ser levados nas próximas horas. Para Cláudio Justa,
presidente do Conselho Penitenciário do Ceará, a transferência tem um
aspecto positivo, mas ele vê a medida com uma ressalva.
"Se
a identificação das lideranças for eficaz, ou seja, se realmente se
tratar de líderes relevantes nas facções, é uma medida importante para o
enfrentamento. Porém, observamos que muitos dos que são tidos como
líderes das facções nos presídios estão no âmbito do gerenciamento do
varejo, não são os líderes maiores. O âmbito de gerenciamento é
altamente substituível. As facções criminosas têm muita rotatividade dos
líderes da ponta", afirma. Os ataques tiveram uma parada no fim
da tarde deste domingo. Mais de 100 policiais estão atuando em 20
barreiras montadas em Fortaleza nos locais que mais sofreram com a onda
de atentados desde a quinta-feira (3). Até o momento, pelo menos 110
atentados foram registrados. O estado conta com reforço de 300 homens da
Força Nacional e 100 da PM da Bahia. "Observamos uma
significativa redução dos ataques, notadamente na região metropolitana
da capital. Houve uma redução do número de ataques a partir dessa tarde
com a chegada desse efetivo. O aumento do contingente de policiamento
ostensivo tem um papel importante nessa redução", diz Cláudio Justa. Segundo
a SSPDS (Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social), as blitze
com as barreiras estão montadas em bairros e avenidas estratégicas da
capital. Por conta da maior tranquilidade, o Sindônibus (Sindicato
das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado) informou que os
ônibus de Fortaleza, após adotarem frota reduzida desde a sexta-feira à
noite, voltam à circulação normal nesta segunda-feira (7). Policiais vão
acompanhar os itinerários considerados de maior risco. O VLT
(Veículo Leve sobre Trilhos) e o metrô também devem voltar à normalidade
nesta segunda. Comércio, escolas e faculdades devem abrir as portas.
Imagem: Divulgação/Secretaria de Administração Penitenciária do CearáA
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) afirma que, até
a tarde deste domingo, 110 pessoas já foram presos ou apreendidos por
suposto envolvimento nos ataques, sendo 76 maiores e 34 adolescentes.As
ações também se concentram nos presídios, de onde partem as ordens dos
ataques. Segundo nota da Secretaria da Administração Penitenciária
divulgada na tarde deste domingo, 407 aparelhos de celular foram
apreendidos em penitenciárias do estado desde a semana passada. Nesta
madrugada, dois suspeitos foram mortos pela polícia. Na quinta-feira,
um outro homem foi morto durante ação policial. Todos teriam reagido e
trocaram tiros com os policiais, segundo a versão do governo do estado.
Onda de ataques
A
crise começou na noite de quarta-feira (2), com ações conjuntas das
três principais facções criminosas que atuam no estado: PCC (Primeiro
Comando da Capital), CV (Comando Vermelho) e GDE (Guardiões do Estado).
Os grupos deram uma trégua na guerra entre eles para realizar ações em
retaliação ao endurecimento de medidas dentro das unidades prisionais,
entre elas a apreensão de celulares e promessa de não mais separar
presos por facções nos presídios. Na quinta-feira (3), presos se
rebelaram na CPPL (Casa de Privação Provisória de Liberdade) 3, em
Itaitinga, onde estão detidos membros do PCC. Em torno de 250 presos
foram ou serão indiciados por desobediência, resistência e motim. Neste
domingo, os ataques seguiram durante a madrugada e a manhã. Entre eles,
dois chamaram mais a atenção: criminosos tentaram dinamitar uma ponte
que fica sobre o rio Jaguaribe, no município de Tabuleiro do Norte, e atacaram uma torre de telefonia, em Limoeiro do Norte, deixando 12 cidades sem comunicação móvel. Havia
também a intenção de mais ataques a pontes e viadutos, conforme
bilhetes trocados entre bandidos e encontrados pela polícia.
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