O Sínodo que o Papa Francisco convocou para discutir a situação
da Amazônia e de seus povos continua preocupando os integrantes militares do
governo. Tanto que o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança
Institucional, disse a jornalistas que o governo promoverá outro simpósio,
também em Roma, mas um mês antes do Sínodo. Nele, o governo pretende
apresentar exemplos de “preocupação e cuidado do Brasil com a Amazônia” e
explicar as ações apoiadas pelo governo para a proteção das áreas naturais,
quilombos e grupos indígenas. O general Heleno está preocupado com as
críticas que podem surgir no Sínodo quanto à proteção da Amazônia, já que o
governo dá sinais claros de que pretende proibir novas demarcações de reservas
indígenas, abrir as existentes para a mineração e construir megaprojetos de
infraestrutura que provocariam impactos significativos em áreas protegidas.
Segundo o Mongabay,
“Bolsonaro, no entanto, e muitos de seus aliados ruralistas e evangélicos, vê
a Amazônia como um recurso a ser usado e desenvolvido livremente”.
Por falar em Terras Indígenas, vale a pena ler dois artigos que
saíram no Estadão nos últimos dias. No primeiro, Sônia
Guajajara fala do tremendo retrocesso que o governo já provocou nesses
seus primeiros 99 dias. Sônia lembra que “Bolsonaro afirma que não existem
Povos Indígenas, e insiste que quer unificar a nós todos em uma só cultura.
Isto é ofensivo e irreal, considerando que no Brasil há mais de 300 grupos
étnicos, incluindo talvez 100 que não tiveram contato com nenhuma sociedade,
e cerca de 274 línguas.” No segundo artigo, Daniel
Munduruku, um dos principais escritores da literatura infanto-juvenil,
inverte a lógica de Bolsonaro e diz que “para o Brasil se encontrar como
nação, como povo, ele não pode abrir mão de sua ancestralidade (...) só
quando o Brasil aceitar sua história, sua origem indígena e negra, é que ele
conseguirá amadurecer.”
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