"Bancada Lemann": os políticos apoiados pelo 2º homem mais rico do Brasil
A deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress
Beatriz Montesanti
Do UOL, em São Paulo
22/05/2019 04h01
Resumo da notícia
Cinco deputados no Brasil hoje passaram pelas fundações do empresário
Eles são jovens, têm histórico de ativismo na educação e defendem renovação
Filiados a partidos diversos, os deputados divergem entre si ideologicamente
"Quem
aqui quer ser presidente?", perguntou o empresário Jorge Paulo Lemann,
segundo homem mais rico do país, em julho de 2016 a um salão com cerca
de 300 pessoas. A ocasião era o encontro anual de uma rede de lideranças
criada pela fundação que leva seu nome. Entre os presentes, cerca
de uma dúzia levantou a mão admitindo o desejo ambicioso. Quase três
anos mais tarde, ao menos cinco deles já assumiram cadeiras na Câmara ou
em assembleias legislativas nos estados.
Em
comum, além de terem estudado em universidades de elite no exterior com
bolsa e não terem experiência política prévia, esses parlamentares
estão abaixo da média de idade das casas
em que atuam (na Câmara Federal é de 49 anos), se declaram brancos, se
engajaram em movimentos de renovação política, como o RenovaBR e o
Acredito, e tendem a priorizar pautas voltadas à educação -- embora a
perspectiva deles sobre o tema não seja necessariamente a mesma. No
Congresso, as apostas de Lemann têm se mostrado participativas em
comissões, realizaram processos seletivos para formarem seus gabinetes e
lançaram aplicativos para que seus eleitores acompanhem as votações. Os cinco se candidataram por partidos diferentes e tendem a colaborar entre si no Legislativo. Felipe Rigoni (PSB-ES) e Tabata Amaral (PDT-SP),
por exemplo, entraram com um projeto para derrubar o decreto do governo
que flexibiliza porte de armas e com uma ação popular pedindo a
anulação dos cortes nos repasses para universidades federais. Também
formaram uma comissão para a fiscalização das atividades do MEC
(Ministério da Educação). Há divergências, no entanto, em termos ideológicos. O deputado estadual Daniel José (Novo-SP),
por sua vez, diz defender o corte do orçamento para o ensino superior,
embora defenda que isso seja feito de forma gradual. "Somos todos
próximos. Encontramos, conversamos, tomamos café. Apesar de pensarmos de
forma diferente, temos valores que unem a gente", diz.
"A
cabeça de Jorge Paulo Lemann é voltada para as pessoas. Saber onde
estão as pessoas boas do Brasil e dar um empurrão a elas", diz o
deputado estadual Daniel José (Novo-SP) Imagem: Carine Wallauer/UOL
As críticas por ligar-se a um bilionário
A
associação com o empresário, dono de um patrimônio de US$ 23 bilhões
segundo a revista Forbes, rende críticas a eles de todos os pontos do
espectro político. Ao UOL, os parlamentares chamaram as críticas de "balela" e "teoria da conspiração". "No meu caso, ela vêm dos dois lados", diz Tabata, que canaliza ataques desde que seu mandato ganhou visibilidade com os questionamentos feitos por ela ao então ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodrigues. "Quando
o MBL [Movimento Brasil Livre] ou os 'bolsomínions' fazem vídeos
falando que o Jorge Paulo Lemann é um comunista globalista, que eu sou
financiada por ele, ou quando o pessoal de extrema esquerda faz vídeo
falando que eu sou financiada pelos bancos, porque eu sou parte dessa
rede, você vê que são argumentos completamente contraditórios. Eles são
motivados em parte por ignorância, em parte por um incômodo que as
pessoas têm ao não conseguirem me rotular."
"Falamos muito em querer transformar o Brasil", deputado federal Tiago Mitraud (Novo-MG) Imagem: Leo Martins/UOL
A primeira geração de políticos
Criada
há dez anos pelo empresário, a Fundação Lemann tem como carro-chefe um
programa de bolsas em universidades de elite dos Estados Unidos e do
Reino Unido - entre elas, Harvard, onde o magnata estudou economia em
finais da década de 1950. O objetivo, segundo explica Denis Mizne,
diretor-executivo da fundação, é formar lideranças para trabalhar com
impacto social no Brasil. Até então, os jovens que retornavam ao país se
envolviam com organizações do terceiro setor, com a academia ou com
gestão pública. Esta é a primeira geração de bolsistas, no entanto, que
se volta para a política. Durante as eleições, a instituição
divulgou um posicionamento oficial reiterando ser apartidária e vetando o
uso do nome e imagem de Jorge Paulo Lemann para qualquer fim eleitoral.
O empresário, que mora na Suíça e é hoje presidente do conselho da
fundação, não aparece como financiador de nenhuma campanha.
"A gente sempre esbarrava em quem segurava a caneta. Por que a gente não segura a caneta?", diz Renan Ferreirinha (PSB-RJ) Imagem: Simon Plestenjak/UOLNenhum
dos deputados eleitos utilizou recursos do fundo partidário em suas
campanhas. Para o caçula da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro), Renan Ferreirinha (PSB), 25, isso colabora para sua sensação
de independência em relação ao partido. No geral, as candidaturas
foram financiadas majoritariamente por grandes empresários, como Nizan
Guanaes, que doou R$ 79.500 para Tabata e Ferreirinha, e Abílio Diniz,
que depositou R$ 50 mil para Tiago Mitraud (Novo-MG) e Daniel José. Os
deputados também receberam doações de financiamento coletivo.
Conheça os deputados:
Imagem: DivulgaçãoTabata Amaral (PDT-SP) Idade: 25 Formação: Astrofísica e ciência política (Harvard) Grupos suprapartidários: RenovaBR e Acredito Número de votos: 264.450 (1,25% dos válidos) Principal receita de campanha: direção
nacional do partido (7,7%); Patrice Etlin, da Advent (6,9%); Nizan
Guanaes (6,1%), cofundador do Grupo ABC de Comunicação Principais pautas: melhoria dos resultados do Ideb, reforma do Ensino Médio e formação de professores Boa
parte das críticas diz que eu fui financiada na faculdade pela pelo
Lemann, mas são críticas muito rasas, independente de que lado elas vem.
A minha bolsa na faculdade foi 100% por Harvard. Eles tiveram uma visão
de buscar alunos não só que chegaram mais longe, mais que tinham
corrido mais, o que eu acho que é uma visão muito mais inteligente, do
que a do nosso vestibular.
Imagem: Simon Plestenjak/Felipe RigoniFelipe Rigoni (PSB-ES) Idade: 27 Formação: engenharia (UFOP), com mestrado em políticas públicas (Oxford) Grupos suprapartidários: RenovaBR e Acredito Número de votos: 84.405 (4,37% dos válidos) Principal receita de campanha: direção
nacional do partido (16,4%); Maurício Bittencourt (7,1%), sócio da M
Square; Marcelo Battistella Bueno (5,5%), CEO da nima Educação Principais pautas: nova lei de licitações, inovação da gestão pública e educação "O
PSB fechou contra a Previdência, mas eu vou lutar a favor dela,
independente do que meu partido disser. Olhamos muito para os dados,
levantamos várias e várias pesquisas sobre o assunto para tomar uma
decisão e elas dizem que a reforma é necessária. Nem sempre a linha
direita ou esquerda estará certa."
Imagem: Leo Martins/UOLTiago Mitraud (Novo-MG) Idade: 32 Formação: administração (UFPR), com pós-graduação em administração (Harvard) Grupos suprapartidários: RenovaBR, Livres Número de votos: 71.901 (0,71% dos válidos) Principal receita de campanha:
Rubens Menin Teixeira de Souza (15,3%), cofundador da MRV Engenharia;
José Salim Mattar Junior (12,3%), dono da Localiza e secretário de
Desestatização do governo federal; José Carlos Reis de Magalhães Neto
(9,2%), sócio da Tarpon Investimentos Principais pautas: educação, eficiência em gestão, tamanho do Estado "Acho
que em comum todos chegamos aqui por insatisfação com o status atual.
Em geral, temos esse viés de trabalhar para o bem público, ser
responsável pela mudança que queremos ver no país. De diferente, vejo
que eu e outros deputados do Novo defendemos um modelo de Estado muito
diferente do que os brasileiros estão acostumados. Temos uma cultura de
historicamente recorrer ao governo para resolver os nossos problemas, e
eu acredito que o Estado não serve para resolver nosso problema. Na
verdade, o Estado hoje é um problema."
Imagem: Simon PlestenjakRenan Ferreirinha (PSB-RJ) Idade: 25 Formação: economia e ciência política (Harvard) Grupos políticos: RenovaBR, Acredito Número de votos: 24.854 (0,32% dos válidos) Principal receita de campanha: Nizan
Guanaes (13%); Armínio Fraga Neto (5%), ex-presidente do Banco Central
do Brasil e dono da Gávea Investimentos; Daniel Faccini Castanho (4%),
fundador da Ânima Educação Principais pautas: ensino técnico profissionalizante, fiscalização das contas do Estado, juventude e inovação política "A
gente sempre esbarrava em quem segurava a caneta. A gente sentava,
conversava com secretários, ministros da Educação, mas quem segurava a
caneta, ou por motivações esdrúxulas ou por interesses escusos, ou por
realmente não ter vontade de fazer acontecer, as coisas às vezes não
andavam da forma como a gente queria. E aí começou a surgir esse
questionamento, por que a gente não segura essa caneta?"
Imagem: Carine Wallauer/UOLDaniel José (Novo-SP) Idade: 31 Formação: economia (Insper), com mestrado em relações internacionais (Yale) Grupos políticos: RenovaBR Número de votos: 183.480 (0,88% dos válidos) Principal receita de campanha: José Carlos Reis de Magalhães Neto (7,5%), financiamento coletivo (5,8%); Abílio Diniz (5%) Principais pautas: melhoria dos indicadores de aprendizagem, "vale-educação" para bolsas em escolas particulares, CPI das universidades "Eu
tinha poucas referências profissionais. Minha mãe trabalhou a vida
inteira como diarista e meu pai, que era contínuo numa agência bancária,
se aposentou antes de eu nascer. Nesses encontros a gente tem a
oportunidade de conhecer pessoas com um nível de senioridade muito
grande, e em áreas diferentes, que acabam se tornando nossas
referências."
Câmara aprova aéreas
estrangeiras no país e a volta de mala grátis
Vinícius Casagrande
21/05/2019 21h53
Pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo (Vinícius Casagrande/UOL)
Na véspera de perder a validade, a Câmara aprovou nesta terça-feira (21)
a medida provisória que libera 100% de capital estrangeiro em
companhias aéreas no Brasil e a volta do despacho gratuito de bagagem em
voos. A medida ainda precisa ser votada até esta quarta-feira (22) pelo
Senado para não caducar e virar lei definitiva.
Inicialmente, os deputados haviam rejeitado o projeto de lei de
conversão que incluía a volta do despacho gratuito de bagagem no texto
da MP. Ao final da votação, após o t... - Veja mais em
https://todosabordo.blogosfera.uol.com.br/2019/05/21/capital-estrangeiro-bagagem-companhias-aereas/?utm_source=chrome&utm_medium=webalert&utm_campaign=blog-todos-a-bordo&cmpid=copiaecola
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