Bom dia

TEM AGENDAS BOAS ACONTECENDO
A sociedade brasileira acumulou conquistas importantes nas últimas décadas. Nos tornamos uma democracia depois de 25 anos de ditadura militar, acabamos com a hiperinflação e tiramos milhares de pessoas da linha da pobreza. Essas mudanças só foram possíveis porque soubemos optar pelo desenvolvimento econômico com inclusão social.

O debate público raso nega nossa própria história e estudos sérios, e quer que acreditemos que o Brasil só pode ter crescimento econômico se abdicar do social — ou vice-versa.
Foi dessa maneira que, ao eleger um governo liberal na economia e conservador nos costumes, os cidadãos se veem hoje sem uma agenda social para o país. Durante a última campanha, ouvimos muitas críticas às políticas sociais dos governos petistas, mas não se erigiu no lugar uma agenda que pudesse substituir o que havia. Seguimos sem empregos formais e com um país cada vez mais desigual e sem justiça social.

Multidão enfrenta fila no Anhangabaú em busca de empregoMinha Folha Compartilhe
Multidão enfrenta fila no Anhangabaú em busca de emprego Segundo o presidente do Sindicato dos Comerciários, Ricardo Patah, por volta das 7h30 já havia cerca de 15 mil pessoas na fila. Trabalhadores formaram fila quilométrica para disputar uma das 6.000 vagas do mutirão de emprego.
Esse apagão de projetos para a área social não é fruto da ausência do que fazer, disso temos certeza, porque o cotidiano nos escancara o drama diário do nosso povo. Tampouco é resultado da falta de soluções possíveis.

O deserto político a que estamos submetidos é decorrente de um governo que nos enreda em discussões inúteis a partir de pautas que são meros balões de ensaio ideológico. Basta lembrarmos das recentes polêmicas envolvendo o Ministério da Educação e observarmos a incredulidade de outros países diante das últimas ações do ministro do Meio Ambiente.
Não podemos deixar o país caminhar rumo ao colapso social, pois essa agenda não deve ser apenas tarefa da esquerda e nem de seus ideólogos, mas sim pauta obrigatória de todos, especialmente daqueles que foram eleitos pelo povo para pensar políticas públicas eficazes.
Sabemos o que o governo quer na área econômica — prova disso são as discussões em frentes complexas e polêmicas, como as da reforma da Previdência, das concessões e privatizações e da reforma tributária. Podemos cobrar que o Executivo apresente um planejamento para além das reformas, de geração de empregos e renda, mas não há dúvida de que os temas estão postos no debate público. No campo técnico-econômico, as coisas andam. Mas não no social. Salvo os arroubos ideológicos, quais políticas e projetos palpáveis o governo tem para a educação, a saúde e a moradia?
Precisamos arregaçar então as mangas e fazer no Congresso o que o executivo não faz — pôr em pé uma agenda social que atenda às demandas dos brasileiros. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, já sinalizou a urgência de engatilhar tal processo e foi também durante algumas das conversas por ele organizadas com grupos de deputados que me dispus a pensar temas para essa frente de trabalho.

Se faz urgente a construção de uma agenda que dê novo alento às pessoas e nos tire do casulo da indiferença. O Brasil não avançará e não resolverá o passivo da sua enorme desigualdade se não pautarmos as questões sociais. Tal consenso só é possível por meio do diálogo que, ao contrário do que parece crer o presidente, não se dá apenas entre iguais.
Muitos companheiros do Congresso acreditam, como eu, que a boa política pode transformar a realidade das pessoas, não importando se vem da direita, esquerda ou centro. Construir uma agenda social para o país é uma chance única de romper a armadilha da polarização. Na ausência de projetos do Executivo, o Legislativo não tem mais tempo a perder.

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Tabata Amaral
Cientista política, astrofísica e deputada federal pelo PDT-SP. Formada em Harvard, criou o Mapa educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

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