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Cerca de 50 garimpeiros armados invadiram na madrugada deste sábado (27/7) a Terra Indígena Waiãpi (TIW), no Amapá. Até ontem à noite havia sido confirmada a morte de um Cacique. 
A TIW foi demarcada e homologada nos anos 90.
O senador Randolfe Rodrigues informou, no domingo (28/7), que um forte aparato de segurança chegou à área, incluindo agentes do governo do Amapá, da Funai, da Polícia Federal e dos ministérios públicos estaduais e federais. Randolfe agradeceu a mobilização das imprensas nacional e internacional e a mobilização cidadã nas redes sociais.
A COIAB e outras organizações indígenas condenaram o ataque acusando o governo Bolsonaro de incentivar a invasão de suas terras por grupos criminosos de garimpeiros e madeireiros. Isso porque o presidente disse à imprensa na semana passada que a indicação de seu filho 03 para a embaixada nos EUA tem o objetivo de atrair investimentos estrangeiros para a exploração mineral das Terras Indígenas. Ao falar das Terras Yanomamis e da Reserva Raposa Serra do Sol, Bolsonaro disse ser “um absurdo o que temos de minerais ali. Estou procurando o ‘primeiro mundo’ para explorar essas áreas em parceria e agregando valor (...) Por isso, eu quero uma pessoa de confiança minha na embaixada dos EUA (...) Quero contato rápido e imediato com o presidente americano.”
O ataque ocorrido no Amapá foi divulgado intensamente pela imprensa internacional, inclusive pelo NYT. A OAB emitiu uma nota de protesto, enquanto a nota da Funai tratou a ocorrência como uma “suposta invasão”. 
Ainda no sábado, o compositor Caetano Veloso gravou um apelo em defesa dos Waiãpi que pode ser visto no Facebook de um dos autores destas notas.
Na sexta, Tom Phillips, do The Guardian, trouxe a voz de vários Líderes Indígenas dizendo que Bolsonaro é hoje o principal inimigo e que os planos deste buscam destruir as Nações e Culturas Indígenas.
Em tempo 1: Marcelo Augusto Xavier da Silva, o novo diretor da Funai, foi, segundo André Shalders, “reprovado no teste psicológico para delegado da PF, sofreu 2 investigações quando delegado e foi afastado de ação em Terra Indígena, além de ter trabalhado na CPI da Funai (2016) a pedido de ruralistas.”
Em tempo 2: Como se tudo isso não bastasse, a Agência Nacional de Águas (ANA) baixou um Ato Normativo dando-se o direito de emitir outorgas de água em Terras Indígenas e tirando da Funai qualquer poder de veto. A autoautorização se aplica, por exemplo, para os projetos de hidrelétricas na Amazônia. O ato pode ser lido aqui.

“Quando acabarem as commodities do Brasil, nós vamos viver do quê? (...) Vamos virar veganos? (...) Viver do meio ambiente? Não podemos tratar o meio ambiente como uma psicose ambiental.” Nesta visão de Bolsonaro, seremos eternamente dependentes dos países ricos que compram nossas commodities, nem que para isso tenhamos que comprometer a produção das próprias. 
Continuaremos a comer churrascos - pelo menos os de nós que têm recursos para tanto - porque a alternativa será “virar veganos”. Estes que, pelo tom da fala, devem pertencer à mesma categoria daqueles aos quais Bolsonaro sente “uma profunda repulsa”. 
Ou, como bem lembrou seu ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, em outro show de preconceito: “Chega de sandália de couro e sunga de crochê.” 
O imaginário de Salles se descolou da realidade, indo para o verão de 1980, momento em que foi famosa nas areias de Ipanema a sunga de crochê usada pelo jornalista Fernando Gabeira.

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