Anel fez polícia descobrir preso que liderava facção e ataques no Ceará
Anéis levaram à prisão de mandante de ataques no Ceará Imagem: Reprodução
Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
27/09/2019 04h00
Resumo da notícia
Ceará vive nova onda de ataques, e polícia busca responsáveis
Um deles foi encontrado graças a anéis usados pelos líderes de uma facção
Polícia já havia apreendido 6 anéis e identificado 5 integrantes
O último foi encontrado pelo serviço de inteligência da PF
Uma
operação da PF (Polícia Federal) ontem pôs fim à busca de
investigadores cearenses por um dos fundadores e líderes da facção GDE
(Guardiões do Estado). O grupo criminoso é apontado como responsável
pelos atentados que desde sábado atacam prédios, veículos e estruturas públicas. Chegar
até esse homem, no entanto, requereu investigação e mobilização do
setor de inteligência da polícia. O mandante estava detido em um
presídio na pequena Limoeiro, no interior de Pernambuco. E tudo começou
com um anel encontrado com outro líder da facção, sobre o qual se tinha
apenas o apelido: "Siciliano".
Não
era apenas um anel, mas seis anéis de ouro —no valor aproximado de R$
7.000 cada um— que foram apreendidos em abril. Eram iguais, mas traziam
identificações de seus donos. A similaridade chamou a atenção dos
investigadores. Mais detalhes das peças foram conseguidos após extraírem
dados dos celulares apreendidos com suspeitos. Segundo as
investigações, os anéis foram encomendados por um líder da GDE chamado
"Barrinha" e eram usados para identificar os seis chefes da facção.
Cinco já eram conhecidos. Faltava descobrir a identidade de "Siciliano".
Não havia muitas pistas, só o apelido. Foram três meses para que o
setor de inteligência chegasse ao paraibano Ednal Braz da Silva, 45. O
suspeito estava preso desde 2013 sob acusação de explosão a um banco em
Pernambuco. "Quando pegamos os anéis, estava faltando apenas um
membro. Tínhamos só o apelido 'Siciliano', sem identificação. As
informações apontaram que ele era Ednal Braz", contou um integrante da
equipe de inteligência, sob condição de anonimato.
Mandante de ataques de dentro da cadeia
Segundo apurou o UOL,
Braz foi preso pela polícia pernambucana no município de Surubim, em
setembro de 2013. Ele e o irmão foram acusados de explodir caixas
eletrônicos no Recife e no interior do estado. Com a dupla foram
apreendidos bananas de dinamite, cordéis de detonação, três pistolas e
uma quantia em dinheiro queimado. Para os policiais, os irmãos estavam
prontos para explodir caixas eletrônicos em Surubim. Segundo as
autoridades, "Siciliano" não só faz parte do seleto grupo de líderes da
GDE como comandou de dentro da cadeia pernambucana os ataques a torres
de energia na Grande Fortaleza, em abril. Também é tido como mandante da
nova série de atentados no Ceará. Com a descoberta, o MP-CE
(Ministério Público do Ceará) pediu à Justiça para expedir um mandado de
prisão preventiva contra "Siciliano". Como já estava detido, Siciliano
só terá de responder a um novo inquérito. Apesar de a informação ainda estar sob sigilo, "Siciliano" deve ser transferido para um presídio federal. O Ministério da Justiça e Segurança Pública já disponibilizou vagas para presos que ordenaram ataques. "Coincidiu
com os ataques de agora, mas a operação era inicialmente para
investigação dos ataques às torres em abril", afirmou o delegado federal
Samuel Elânio de Oliveira, chefe da operação.
Celular escondido
Celular encontrado escondido dentro de uma estrutura de madeira em cela de mandante de ataques de facção no Ceará
Imagem: ReproduçãoEm Pernambuco, a PF foi ao presídio para informar "Siciliano" sobre o novo mandado de prisão e fazer buscas.Um
vídeo feito por policiais mostra o momento em que agentes encontraram
um aparelho celular dentro de uma estrutura de madeira em sua cela. Questionada, a PF em Pernambuco informou que não poderia dar detalhes para não ajudar demais detentos a repetirem a infração. Segundo
a PF no Ceará, "Siciliano" e os demais suspeitos devem responder pelos
crimes de dano, incêndio e participação em organização criminosa. "Siciliano"
foi identificado como o único dos presos a ter um celular. Os outros
suspeitos teriam dado ordens por meio de visitas ou de advogados. Procurada,
a Secretaria de Administração Penitenciária do Ceará informou que atua
para retirar todos os celulares dos presídios. Desde janeiro, diz, já
recolheu 5.907 celulares. "No primeiro mês, foram mais de 2.500; no
último, apenas 190. A ideia é zerar esses números", informou a pasta.
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