Coisas do clima


Óleo no Nordeste: "Ninguém quer o que pescamos"

Pescadores e marisqueiros: A situação de quem vive da pesca na Bahia se agrava. Mesmo quem atua em áreas ainda não atingidas pelo óleo não está se conseguindo vender o produto de seu trabalho. Segundo a BBC, o ministério da agricultura anunciou que liberará em novembro uma parcela do seguro-defeso para 60 mil pescadores afetados pelo vazamento de óleo. O problema é que o próprio ministério tem 140.000 pescadores cadastrados nas áreas atingidas. Para comprovar que o governo bate cabeça, segundo o Estadão,  Salles disse que o seguro-defeso ajudará apenas 6 mil pescadores.

A ausência do Estado: Felipe Betim, no El País, conversou com gente que está trabalhando na limpeza do óleo da praia de Itapuama, Pernambuco. Além do tremendo esforço dos voluntários, o que se vê é falta de comando, organização e engajamento do governo. A Marinha e o Ibama se envolveram quase que desde o óleo começou a aparecer. Nesta semana, o vice-presidente mandou o Exército ajudar. Betim diz que “não se via na praia nenhum tipo de coordenação ou liderança de algum desses órgãos do poder público.”
Priscilla Mengue, no Estadão, esteve na mesma região e escreveu sobre os esforços dos voluntários e sobre o emprego de presos em regime semiaberto para ajudar na limpeza. Ela também escreveu sobre o drama dos pescadores na Bahia.
Enxugando gelo: Ricardo Baitelo, do Greenpeace, disse a Grasielle Castro, do HuffPost, que o óleo continuará a invadir as praias do Nordeste: "O óleo é pulverizado. Está dividido em vários pontos e não é possível vê-lo da superfície. Só dá para ver quando as menores manchas começam a chegar às praias. Elas estão chegando e continuam chegando. No Maranhão, você limpa e ele volta. É um enorme desafio."
Águas turvas: Editorial do Estadão da 4ª feira pediu mais transparência por parte da Petrobras e da Marinha e diz que “a mancha de óleo se espalhou como consequência não apenas da enormidade do vazamento, mas também da dificuldade do atual governo de tratar deste ou de qualquer outro tema de forma realista, preferindo quase sempre atribuir os problemas a criativas conspirações. Para o presidente Bolsonaro, por exemplo, é natural questionar se o vazamento “poderia ser uma ação criminosa para prejudicar o leilão” de áreas do pré-sal, previsto para novembro. Enquanto se tenta entender o que uma coisa tem a ver com a outra, o óleo se espalha.”
Marinha: Segundo O Globo, novas análises químicas indicam que o óleo ficou mais tempo no mar do que se imaginava; por isso, a Marinha ampliará o intervalo de tempo da busca por navios suspeitos. Até agora, eram investigados barcos que passaram pela região suspeita a partir de 1º de agosto e, agora, a busca incluirá barcos que por lá passaram durante o mês de julho.
Intoxicação: também segundo O Globo, “pessoas que ajudaram a remover o óleo encontrado nas praias de Pernambuco relataram ter sentido diversos sintomas após o contato com a substância. Ao menos 19 estão em observação após serem socorridas em São José da Coroa Grande e em Ipojuca, no litoral Sul, relatando dor de cabeça, enjoo, vômitos, erupções e pontos vermelhos na pele.”
Antes tarde: O presidente em exercício, senador Davi Alcolumbre, disse ontem que liberará via Medida Provisória recursos emergenciais aos municípios atingidos pelo óleo.

Óleo no Nordeste: Salles declara guerra ao Greenpeace
O ministro do meio ambiente continua gastando seu tempo distribuindo acusações ao invés de coordenar os esforços de limpeza do óleo do litoral. Segundo André Borges, do Estadão, Salles insinuou em tuíte que o óleo veio de um navio do Greenpeace que passou pelo litoral brasileiro. Qualquer pessoa minimamente informada percebe pela foto que não há como o pequeno barco carregar as centenas de toneladas de petróleo que já foram recolhidas das praias. 
A Agência Lupa checou e verificou que as rotas dos navios do Greenpeace desmentem o tuíte de Salles sobre vazamento de óleo. A Folha, o Valor e O Eco, dentre outros, também deram a notícia.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tuitou um pito a sales no final da tarde: “Seu tuíte faz uma ilação desnecessária”.
Para o Correio Braziliense, Salles qualificou o Greenpeace como organização "terrorista".
O deputado federal, Júlio Delgado (PSB-MG), qualificou  o tuíte de Salles como irresponsável e leviano, e disse que o presidente Bolsonaro deveria exonerar o ministro hoje mesmo por essa declaração.”
O Greenpeace publicou uma nota esclarecendo a rota e o propósito da viagem do navio “Esperanza”; na nota, avisa que tomará “todas as medidas legais cabíveis contra todas as declarações do Ministro Ricardo Salles. As autoridades têm que assumir responsabilidade e responder pelo Estado de Direito pelos seus atos.”

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