Opinião

Moro & Dallagnol: cai a máscara dos golpistas de toga que geraram Bolsonaro Deltan Dallagnol e Sergio Moro: agora eles serão candidatos, oficialmente - Fabio Rodrigues Pozzebom/Antonio Cruz/Agência Brasil Conteúdo exclusivo para assinantes Ricardo Kotscho Colunista do UOL Nada acontece por acaso. Tem sempre uma lógica nessa loucura a que todos estamos submetidos, já faz mais de 1000 dias. Na mesma semana em que o ex-capitão Jair Bolsonaro dava o maior vexame na Itália, o ex-juiz Sergio Moro trocava a sinecura nos Estados Unidos para ser candidato a presidente da República do Brasil e seu cúmplice na Lava Jato, o ex-procurador Deltan Dallagnol, deixava o Ministério Público de Curitiba para virar deputado em Brasília, como se tudo isso fosse a coisa mais natural do mundo. Não tem nada de normal nessas coincidências, lamento dizer. Trata-se de um escárnio, um acinte, um deboche, verdadeiro atentado contra o Estado Democrático de Direito, para testar os limites das nossas instituições. Só pode ser uma ação combinada desses três personagens grotescos e perigosos para desmoralizar de vez o nosso país aos olhos do mundo civilizado. Caiu a máscara dos golpistas de toga, de farda ou de pijama, que se uniram em 2016 para afrontar a democracia, esquartejar a Petrobras e os direitos trabalhistas, e destruir aquela que já foi uma das maiores economias mundiais. Deveriam estar todos presos, respondendo pelos crimes que praticaram contra o povo brasileiro e a soberania nacional, mas circulam alegremente pelo país, rindo da nossa cara. Nenhum deles tem até agora sequer um partido para se candidatar, mas isso é apenas um detalhe para esses salvadores da pátria, que vieram ao mundo para cumprir uma missão. A mando de quem? É tudo tão surreal que agora estão se comendo entre eles, um acusando o outro de traidor. Ainda que mal me pergunte: em nome de que, de quem, de que projeto de país eles disputarão o poder no ano que vem? Para fazer o quê? Já não basta a vergonha que estamos passando, cada vez que o presidente de turno abre a boca ou viaja para o exterior, desfilando toda sua monumental ignorância, só comparável à sua indigência mental? E o que dizer da patética dupla Moro & Dallagnol, que quer transformar o Brasil numa imensa República de Curitiba, em que eles são a lei e o caminho, ungidos pelo "combate à corrupção" (dos outros), a gazua que usaram para se tornar "heróis nacionais", aclamados pela mídia nativa, e para ganhar uma bela grana? O que mais me impressiona é a quantidade que eles têm de seguidores fanáticos nas redes antissociais, que só sabem repetir o que o seu mestre mandou. Ninguém fala mais nos escândalos e nos crimes revelados pela CPI da Pandemia, já repararam? A pauta agora é aprovar a toque de caixa a PEC do Calote, para pagar o Bolsa Família fake, rebatizado de Auxílio Brasil, que na verdade se destinará a honrar o pagamento das "emendas do orçamento secreto" do presidente da Câmara, Arthur Lira, o dono do cofre do Centrão, para arquivar os pedidos de impeachment e ajudar na campanha de reeleição do presidente e dos deputados aliados. No grande balcão de negócios institucionalizado em Brasília, à luz do dia, a fome de 19 milhões de brasileiros também é só um detalhe, um pretexto para botar a mão na massa do Orçamento e do furo no tal teto de gastos, que já foi para o espaço. Um voto a favor da PEC já estava valendo até R$ 15 milhões, como denunciou hoje o Estadão. Criadores e criaturas do bolsonarismo agora vão disputar o nosso voto, com o papo furado do "perigo comunista", o mesmo dos golpistas da UDN do século passado e do Golpe de 1964, valendo-se da democracia para destruí-la, em nome da "liberdade, da família, da propriedade e dos bons costumes", um discurso dos tempos de amarrar cachorro com linguiça. Tirar Lula da campanha de 2018 e mandá-lo para a cadeia foi muito fácil, "com o Supremo, com tudo", depois do tuíte do general Villas Bôas, o fiador de Bolsonaro nas Forças Armadas, agora também devidamente desmoralizadas, assim como os "heróis" da Lava Jato. Quero ver agora essa turma do atraso enfrentá-lo num debate e derrotá-lo nas urnas em 2022. Façam suas apostas. O vento virou, informa a meteorologia de todas as pesquisas. Vida que segue.

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