O dia

 


Diz que ninguém é normal visto de perto. Por isso mesmo ando olhando o povo de longe, pras pessoas também nos olharem de uma boa distancia. As fragilidades que possam vir à tona dos olhos alheios, preferimos tê-las sob nossa guarda. É sério, mas ocorre de madrugadinha com o intúito de mostrar o lusco-fusco do nascer do dia, este, também olhado à distância, da varanda do meu tugúrio, onde o farol do Mucuripe, o novo, erguido pra que se levantem monstrengos de 50 andares ainda brilha, antes do nascer do sol. Cê entendeu? Olhe, espie aqui, repare bem no que vou dizer; na minha infância e começo de juventude, tinha um senhor pequenininho em Sobral, cujo nome nunca ouvi de tivesse, mas era conhecido como Soldado Carniça. O Carniça morava no cemitério São José, no centro da cidade onde estão lá os restos mortais dos meus. Vivia fardado. Penso que ganhava do pessoal do Tiro de Guerra cuja instrução era dada no meio da rua e na frente do tal campo santo. Aí, um dia, o Soldado Carniça que era cheio de tiradas sensacionais, nunca oferecidas por um "doido", pegou duas galinhas que haviam fugido de um caminhão que chegara da Meruoca carregado de paus de galinha pendurados nas laterais da carroceria. E com as penosas debaixo dos braços caminhava pelas cercanias até um moleque, coisa que não falta em Sobral,até hoje, gritar...-Aí Carniça, vai comer essas aí? No que ele respondeu na lata...-Quem come galinha viva é galo fi duma iégua!!! Sim, hoje é quinta feira e o dia nasce assim...com um ventim frio,bem parecido com ...sei lá...

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