O Encontro Nacional do PDT, realizado nesta quarta-feira (15) em
Fortaleza, reuniu todas as principais lideranças locais do partido, que é
hoje o maior do Ceará e protagoniza uma disputa pública pela indicação
de candidato a disputar o Governo do Estado este ano. Ao longo do
evento, que reuniu momentos de fala de autoridades do Ceará e de outros
estados, os falantes minimizaram as tensões internas e defenderam a
manutenção do atual arco de aliança – os movimentos e gestos por um
pré-candidato ou outro, no entanto, não cessaram.
Atualmente, são
avaliados pela cúpula pedetista principalmente o ex-prefeito de
Fortaleza Roberto Cláudio e a atual governadora Izolda Cela, que assumiu
após a saída de Camilo Santana (PT) do governo para disputar o Senado.
Também são cotados o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará,
Evandro Leitão, e o ex-secretário de Planejamento e Gestão Mauro Filho,
mas já há alguns meses a disputa tem se afunilado em torno dos dois
primeiros. As preferências por cada pré-candidato têm mobilizado
declarações e apoios públicos dentro da base, com alguns nomes de peso
defendendo o lançamento de RC e outros (com destaque aos aliados
petistas) sendo enfáticos na campanha por Izolda.
A própria foi
uma das lideranças que discursaram no evento e, na ocasião, destacou a
importância da “parceria” entre as forças políticas que compõem a base.
“Quem quiser fazer bem feito, quem quiser ajudar é bem vindo, e as
diferenças são sempre minimizadas naqueles que têm a boa intenção”,
chegou a dizer a governadora, sublinhando que o objetivo maior é o
serviço ao estado do Ceará. Evandro Leitão, também pré-candidato, foi
outro que minimizou os desgastes e pontuou que o nome a ser definido
pelo partido terá o apoio comum do restante da agremiação.
O
presidente estadual do partido, deputado André Figueiredo, também se
pronunciou no sentido de manter o atual arco de alianças no Ceará,
destacando que um possível rompimento entre os partidos poderia
representar “consequências graves”. A perspectiva comumente adotada
entre os governistas é de que a cisão provocaria um enfraquecimento da
candidatura pedetista, com o surgimento de uma nova candidatura, do PT, e
um provável fortalecimento do nome da oposição, Capitão Wagner (União
Brasil), que atualmente lidera as pesquisas de intenção de voto para o
governo estadual.
Por outro lado, o próprio presidente nacional
do partido, Carlos Lupi, reafirmou nesta quarta-feira sua preferência
pelo nome de Roberto Cláudio, chegando a cantar para o ex-prefeito
trecho de um jingle cravando que “o melhor prefeito do Brasil vai virar
governador” – a música foi usada na campanha de Anthony Garotinho ao
governo do Rio em 1988. Outros nomes também adotaram tom de apoio
evidente a um ou outro pré-candidato, como foi o caso do deputado José
Guimarães (PT), em suporte a Izolda Cela.
Também teve destaque,
nesta quarta-feira, a fala do ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes
sobre a perspectiva de um eventual rompimento. Questionado sobre
recentes declarações do deputado José Guimarães (PT), segundo o qual o
PT poderá “procurar outros caminhos” a depender do candidato escolhido
pelo PDT, Ciro disse que espera que “seja feliz”. O presidenciável, no
entanto, fez questão de destacar que não acredita que a aliança será
desfeita. Em ocasiões recentes, declarações de Ciro sobre a aliança
PT-PDT no Ceará já foram motivo de novos pontos de tensão no PT, que
chegou a marcar reunião extraordinária entre as lideranças do partido
para discutir a continuidade da aliança.
Definição
Na ocasião,
o presidente estadual do PDT André Figueiredo anunciou que a definição
do nome a disputar o Palácio da Abolição pela base governista virá no
início do mês de julho. A decisão contraria a tendência do grupo
político para todas as últimas eleições no Ceará, quando a preferência
dos pedetistas e aliados era sempre por divulgar o nome do candidato às
vésperas das convenções partidárias – foi assim com o prefeito de
Fortaleza José Sarto, seu antecessor Roberto Cláudio e o ex-governador
Camilo Santana, para citar alguns.
A mudança tem a ver com as
tensões internas na base relacionadas à indicação do postulante – ainda
que os conflitos tenham sido minimizados pelas autoridades nesta quarta.
A perspectiva é de que, anunciando o candidato logo, a divisão entre os
aliados deve ser atenuada, de modo a não prejudicar a unidade da base e
o desempenho dos candidatos durante a eleição deste ano.
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