Para Camilo, candidatura de Izolda é “questão de justiça”

O ex-governador Camilo Santana (PT) defendeu, nesta quarta-feira (13), que a atual governadora Izolda Cela (PDT) se lançar candidata à reeleição é um direito seu e “questão de justiça”. A declaração surge em meio a um acirramento, dentro da base governista, da disputa pela indicação do PDT para a candidatura estadual, entre Izolda e o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio.
“Está há pouco mais de três meses no governo, está mostrando a sua liderança, sua forma parecida comigo, simples, de diálogo, isso que queremos construir no Ceará, continuar o projeto no Ceará”, pontuou ele, em alusão ao discurso de continuidade do governo Camilo Santana que os apoiadores de Izolda têm adotado nos últimos meses. “Ela é governadora, está no cargo, é do PDT. E tenho colocado a importância da Izolda ter direito de ir para a sua reeleição, é uma questão de justiça”, continuou.
Trata-se da ocasião em que Camilo mais diretamente defendeu a indicação de Izolda em uma declaração pública. Em momentos anteriores, no entanto, ele já havia deixado clara sua preferência pela atual governadora, tendo chegado a chamá-la de “mãe do Ceará”. Também se trata de um dos pontos mais sensíveis da disputa interna na base governista, poucos dias após Ciro Gomes – apoiador do nome de Roberto Cláudio – ter posto em dúvida a lealdade de Camilo durante uma entrevista, dizendo que não sabe mais se o petista é aliado de seu grupo político ou não.
Assembleia
Em paralelo, os deputados da Assembleia Legislativa do Ceará voltaram a tecer elogios à governadora na sessão plenária de ontem. O deputado Silvio Nascimento (Patriota) defendeu a indicação da atual gestora, acusando um veto a ela dentro do PDT: “Estou vendo a nossa professora Izolda praticamente ser vetada do direito de se candidatar como governadora. Estarei sempre a favor dela, pois reconheço todo seu esforço e trabalho”, afirmou, dizendo que vê as tentativas de impedir que ela concorra como “injustas”.
Elmano de Freitas (PT) ecoou a defesa, destacando o projeto político iniciado em 2006, durante o governo Cid Gomes e ao qual o PT tem se alinhado desde então. “Seguiremos Camilo Santana na decisão que for tomada sobre a sucessão estadual, e seguimos na ideia de fazer todos os esforços necessários para garantir a unidade da aliança que tem favorecido o Ceará. É o mais correto.”
Na ocasião, o deputado Leonardo Araújo (MDB) alertou que “é preciso calma nesse momento de acirramento político”. Já Carlos Felipe (PCdoB) também considerou que o projeto político iniciado por Cid, com o apoio de Izolda Cela, elevou o Ceará a um novo patamar em termos de educação, transparência e responsabilidade fiscal.
A deputada Augusta Brito (PT), por sua vez, salientou que não tem como não defender a candidatura da atual governadora. “É um direito real e legítimo de uma mulher com todas as qualidades e capacidade para o cargo. É o único cargo ao qual ela pode concorrer e impedi-la disso, nesse momento, é algo muito forte”, apontou. Os deputados Romeu Aldigueri (PDT) e Salmito (PDT) também se manifestaram nesse sentido.
As falas surgem poucos dias após a reunião do diretório do PDT no Ceará, na última segunda-feira (11), quando os correligionários foram orientados a não declarar apoios públicos a pré-candidatos na reta final para a definição do nome. A intenção era abaixar a temperatura da disputa interna, mas não surtiu efeito.
Lula
Em meio a isso, tem relevância também o encontro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com lideranças petistas do Ceará nesta quarta-feira (13), incluindo os deputados federais José Guimarães, Luizianne Lins e José Airton Cirilo. Segundo Guimarães, Lula teria dado aval para o partido lançar candidatura própria ao Governo do Estado caso Izolda não seja a escolhida pelo PDT. Com isso, o PT também já se adianta em realizar uma pesquisa para avaliar o possível nome do postulante a ser lançado.
José Airton, em nota divulgada à imprensa, destacou que solicitou a Lula uma reunião específica para tratar do tema. O cenário nacional e as perspectivas para o pleito, no entanto, tomaram a frente no encontro de ontem: “Tivemos uma importante reunião com o presidente Lula e nosso vice Geraldo Alckmin, em que nós discutimos a conjuntura do país, essa campanha acirrada, uma onda de agressividade nunca antes vista na história do país.”
O núcleo petista representado por Luizianne e José Airton vem já há vários meses defendendo a tese de lançar uma candidatura própria do partido, rompendo a aliança com o PDT – desde bem antes de isso ser uma hipótese avaliada internamente com seriedade. A principal intenção, como destacam, é efetivar um palanque fiel a Lula no Ceará, contando também a rejeição que esses parlamentares têm aos irmãos Ferreira Gomes.

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