O PT Ceará comunicou nesta terça-feira (19) que interpreta a escolha do PDT sobre a candidatura a governador como um rompimento unilateral da aliança entre os dois partidos no estado. Com isso, está rompida a parceria firmada entre as duas maiores legendas no Ceará, que atuavam em conjunto na base governista há quase 16 anos, e deverão ter cada uma um postulante ao Palácio da Abolição.
O entendimento consta na resolução divulgada ontem, após reunião do diretório da sigla. O texto, que recebeu o aval do ex-governador Camilo Santana, pontua que o PDT não realizou um amplo diálogo com os demais partidos do arco de alianças sobre a definição do candidato: “O PDT se fechou em copas. Tratou todas as tentativas de diálogo prévio à sua escolha como intromissão indevida. Ignorou inclusive as manifestações públicas de preferência de partidos aliados, lideranças, inclusive do ex-governador Camilo Santana pelo nome de sua filiada e atual governadora Izolda Cela, que, no cargo, manifestou publicamente seu interesse e sua legítima pretensão de postular sua reeleição.”
“A prerrogativa antes reconhecida a quem, no cargo, postulou a reeleição, foi solenemente negada pelo PDT à governadora Izolda, num triste espetáculo de constrangimento público da primeira mulher a chegar ao governo do Estado. A Izolda Cela nossa solidariedade e nosso reconhecimento do seu valor, da sua dignidade e de sua extraordinária contribuição ao Ceará”, pontua ainda o documento.
Partidos
Na véspera, o diretório do PDT havia decidido, em votação aberta, que o candidato escolhido para disputar a eleição a governador é Roberto Cláudio – amplamente rejeitado dentro do PT – derrotando Izolda por 55 votos a 29. A disputa, polarizada entre os dois, vinha se estendendo há quase um ano e motivou diversos desgastes na base governista, dentro e fora do PDT. Além do PT, outros quatro partidos integrantes da base se manifestaram publicamente a favor da reeleição de Izolda: PV, PCdoB (que estão federados com o PT), MDB e PP.
Com isso, o PT agora parte para uma série de diálogos com quadros internos e com outros partidos, incluindo os acima citados, para chegar a um nome que representará o bloco na disputa eleitoral. Para o presidente do PT Fortaleza, vereador Guilherme Sampaio, o contexto atual confere à legenda uma responsabilidade maior na eleição deste ano e o momento é oportuno para abrir diálogo com outros partidos que podem compor em um projeto comum, como o Psol – destacando que a legenda chegou a se reunir, nas últimas semanas, com Camilo para discutir a campanha pró-Lula no estado.
Até o momento, foram colocados à disposição os nomes dos deputados federais Luizianne Lins, José Guimarães e José Airton Cirilo. Além disso, pelo MDB, o ex-senador Eunício Oliveira também busca se viabilizar para representar o bloco. O MDB é provável integrante de uma frente aliada ao PT em oposição ao PDT, enquanto o PP segue em aberto. A definição do nome será divulgada no próximo sábado (23), após nova reunião do PT.
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