1º debate a governador põe em pauta padrinhos políticos

 


O primeiro debate a governador do estado do Ceará para as eleições deste ano, na noite desta segunda-feira (29), teve como marca a troca de acusações e críticas entre os candidatos, com foco na questão dos padrinhos políticos de cada postulante. Participaram da discussão, mediada pela TV Cidade, Elmano de Freitas (PT), Roberto Cláudio (PDT) e Capitão Wagner (União Brasil).
Elmano, como vem feito no restante da campanha, segue replicando a estratégia de se colar a seus principais cabos eleitorais, o ex-governador Camilo Santana (PT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), respectivamente candidatos ao Senado e à Presidência. Ele também destacou, ao falar de propostas e projeções para um eventual governo seu, a contribuição de poder articular com o Palácio do Planalto – trabalhando com a hipótese de eleição do petista na disputa nacional.
A postura é criticada por Capitão Wagner, ao falar sobre ações do Governo do Estado na área da segurança púbica: “Não adianta falar de padrinho político, presidente A ou B, porque quem é responsável por isso é o governador”, defendendo ainda a tese de que nunca precisou de um apoiador para pedir voto a ele ou “alçar a qualquer cargo no Executivo”. “Se me tornei presidente do União Brasil, foi meu esforço. Ninguém entregou de graça. E se estou há um ano e meio planejando essa campanha, foi por esforço próprio, não precisei de padrinho que indicasse.”
Os dois oponentes, no entanto, fizeram questão de destacar o principal apoiador de Wagner no plano nacional, o presidente Jair Bolsonaro (PL), iniciando perguntas e dirigindo a palavra ao candidato do União Brasil como “candidato de Bolsonaro”. “O candidato do Bolsonaro não quer falar dele, mas quando [Bolsonaro] vem aqui ele [Wagner] chama de estadista”, disse Elmano, em um dos enfrentamentos. A intenção dos candidatos é associar o Capitão ao presidente de modo a vincular a ele a rejeição que Bolsonaro encontra no Ceará.
Roberto Cláudio, por sua vez, criticou ao mesmo tempo a postura de Elmano e a de Capitão Wagner sobre os apoios: “De um lado, um candidato que esconde seu padrinho; do outro, um que não responde uma pergunta sem citá-los, porque não tem biografia de realização, não tem demonstrado capacidade de liderar.” Segundo ele, é “muito fácil prometer, mas desconfiamos quando a promessa não está sedimentada na experiência pessoal”, ressaltando que dos três ele é o único que já chefiou o Poder Executivo, com os oito anos em que esteve à frente da Prefeitura de Fortaleza.
Se Elmano quis se colar em Camilo e Lula, RC tentou vinculá-lo a outra figura do PT, a ex-prefeita Luizianne Lins, sua antecessora. Segundo o pedetista, Luizianne seria a “madrinha de verdade” de Elmano – que foi lançado candidato a prefeito de Fortaleza pela própria em 2012, para sucedê-la, e se candidatou à mesma prefeitura em 2016 como seu vice. “Peguei a saúde em frangalhos”, disse RC, criticando ainda a atuação de Elmano como secretário da Educação da gestão da ex-prefeita.
Rompimento
O rompimento entre PT e PDT no Ceará também pautou a troca de acusações entre os candidatos, tendo como alvo principal, nesse caso, o ex-prefeito Roberto Cláudio: Wagner destacou uma “mudança de posicionamento” repentina, ocorrida dentro de um mês, sobre a avaliação do pedetista quanto ao governo estadual. “Um mês atrás a saúde era maravilhosa, a segurança, estava tudo sob controle”, diz ele, em referência ao período que antecedeu o racha, quando RC ainda era aliado político de Camilo Santana e da governadora Izolda Cela.
Crítica semelhante foi feita por Elmano: “Passou oito anos na Prefeitura e dizia que o Camilo era o melhor governador do Brasil e de repente, por não ter apoio político, começa a criticar e atacar.”
FBI
Um tema que estendeu o debate da segurança durante o primeiro momento do debate foi a proposta de Wagner sobre trazer para o Ceará estratégias adotadas originalmente no FBI – do inglês Federal Bureau of Investigation, órgão que funciona como uma espécie de Polícia Federal dos Estados Unidos. “Me reuni com o diretor do FBI pra gente fazer como foi feito no governo Tasso, em 1992”, disse ele.
“Essa proposta do FBI é uma fantasia, uma ilusão. Começou dizendo que o FBI vinha pra cá, depois falou que era um amigo dele. Quem é? O Super-Homem que vai resolver o problema do nosso povo?”, debochou Roberto Cláudio. Elmano, por sua vez, aponta que há indícios de que o consultor procurado por Wagner tenha envolvimento com fraudes em licitações nos Estados Unidos.

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