O prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PDT), declarou nesta quinta-feira (18) voto no ex-governador Camilo Santana (PT) para o Senado na eleição deste ano. Em manifestação nas redes sociais, o irmão de Ciro e Cid Gomes ainda pede “aos amigos o voto pra ele também”. A declaração representa um passo a mais nas demonstrações de insatisfação de Ivo com o PDT e no possível racha entre os irmãos Ferreira Gomes, atingindo Ciro.
Camilo e o PT romperam com os pedetistas no último mês, após o PDT escolher, em votação do diretório, o nome do ex-prefeito Roberto Cláudio como candidato a governador pelo partido, preterindo a atual governadora Izolda Cela, nome enfaticamente apoiado pelos petistas e por quatro outros partidos da base aliada. Com isso, formou-se um novo núcleo de poder para a eleição estadual, com o lançamento de Elmano de Freitas para o Palácio da Abolição, apoiado por Camilo e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em meio a isso, Ivo Gomes dava repetidas declarações criticando o processo de escolha do PDT e defendendo a indicação de Izolda. Segundo ele, o senador Cid Gomes também defendia a mesma tese.
No início deste mês, o prefeito de Sobral disse que o PDT “quer enganar” ao exigir que uma pesquisa eleitoral liste Cid como apoio político de Roberto Cláudio para o pleito deste ano. “Engraçado, pra não dizer outra coisa, o meu partido. Ignora e alija Cid do processo de escolha do candidato. Agora quer enganar os entrevistados de pesquisa exigindo na Justiça a menção de um apoio do mesmo Cid a RC, apoio esse que simplesmente não existe”, escreveu Ivo.
Cid, por sua vez, tem se distanciado das articulações internas do grupo pedetista já há alguns meses, desde antes de o partido definir o nome do candidato. Desde o rompimento, petistas têm enfatizado a boa relação com Cid, principalmente por parte de Camilo, que declarou mais de uma vez que “ninguém separa” a amizade que os dois mantêm – em alusão a Ciro, que não tem economizado críticas a Camilo desde o ocorrido. Há a perspectiva de que Cid poderia ser um caminho para viabilizar, se não uma reaproximação, ao menos um apoio no segundo turno.
Ainda esta semana, Ciro, em entrevista ao Roda Viva, negou que tenha rompido com os irmãos. Na ocasião, ele defendeu que a escolha se deu por Roberto Cláudio porque era, segundo ele, o pré-candidato mais preparado e com melhor pontuação nas pesquisas de intenção de voto. “O resto é fofoca e traição muita, mas isso não vou comentar”, completou.
PSDB
Em meio a isso, o PDT vai enfrentar Camilo na disputa ao Senado com um nome que ainda não está fechado em definitivo. Isso porque o candidato que estaria sendo apoiado pelo partido, o tucano Amarílio Macêdo, não pôde até o momento integrar a coligação devido ao imbróglio que se formou em torno da posição do PSDB cearense no pleito estadual, envolvendo o diretório estadual, o comando nacional e a Justiça.
Sob o comando de Chiquinho Feitosa, o PSDB cearense havia votado, durante a convenção estadual, para se manter neutro na eleição local, contrariando a posição que havia sido adotada pelo senador Tasso Jereissati – e que vinha sendo dada como certa – de apoiar os pedetistas. O diretório nacional do partido interviu no mesmo dia e reverteu a decisão, destituindo Chiquinho da presidência, mas uma decisão posterior da Justiça fez dar outra reviravolta e manteve a decisão feita na convenção.
O PDT, com isso, registrou a candidatura da vereadora Enfermeira Ana Paula ao Senado, como uma espécie de reserva de segurança para caso a candidatura de Amarílio seja de fato descartada. Nesta quinta-feira (18), o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) divulgou os tempos de rádio e TV disponíveis para cada um dos partidos e Ana Paula é listada em isolamento, com 24 segundos – frente aos 1min52seg da candidatura de Kamila Cardoso (Avante), apoiada por Capitão Wagner (União Brasil), e os 1min46seg de Camilo. O PSDB, que teria indicado Amarílio Macêdo para ser apoiado pelo PDT, não entrou para a conta do tempo de televisão.
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