Lula é obrigado a formar "geringonça" à brasileira
Lisboa (PT) 14 graus - Novo governo abrigará PT, nove partidos que apoiaram a eleição do presidente e mais três recém-aliados. Na ampla e heterogênea equação cabem até "golpistas de Dilma" e bolsonaristas moderados.Para acomodar toda a gente na "geringonça tropical", o governo Lula será ampliado, provavelmente com. Para acomodar toda a gente na "geringonça tropical", o governo Lula será ampliado, provavelmente com 33 ministérios, mais 10 do que o de Bolsonaro. Funcionará? Juntar PS, PCP, Bloco e Verdes num governo não é nada quando comparado com a tarefa de Lula da Silva, o presidente eleito do Brasil, que além do seu PT, vai abrigar no executivo e na base de apoio parlamentar, o PSB, o Solidariedade, o PSol, o Rede, o PV, o Pros, o Agir, o PCdoB e o PDT, membros da coligação de campanha, o PSD, o MDB e talvez o União Brasil, aliados pós-eleitorais, e até alguns adeptos do impeachment de Dilma Rousseff e membros do partido do presidente de extrema-direita cessante, Jair Bolsonaro. Uma "geringonça" numa escala muito maior do que a que formou o XXI Governo Constitucional português, de 2015 a 2019, não é novidade no Brasil, país onde 23 partidos têm assento no Congresso e em que, desde a redemocratização, em 1985, o mais representado deles nunca superou os 25% do total de parlamentares. Lula formou uma quando, de 2002 a 2010, governou o país pela primeira vez. E Bolsonaro, embora eleito em 2018 com um discurso crítico às alianças não programáticas, também acabou obrigado a costurar a sua "geringonça".
A frase: "Governadora Izolda Cela voltou do Egito com acordo de investimento bilionário. Na COP27 Izolda Cela assinou documento com multinacional australiana com intenção de instalar usina de hidronênio verde de US$ 6 bilhões." Noblat, na Veja.
O que é a “Geringonça portuguesa”?(Nota da foto)
O primeiro-ministro Antonio Costa (foto) comanda uma inédita coalizão de partidos de esquerda em Portugal. “Geringonça” é o apelido dado ao governo que assumiu o poder em Portugal em novembro de 2015. O gabinete é liderado pelo primeiro-ministro Antonio Costa, do Partido Socialista (PS), de centro-esquerda, e se sustenta em acordos com três siglas cujas ideias são em geral classificadas como de extrema-esquerda no contexto europeu — o Partido Comunista Português (PCP), o Bloco de Esquerda e o partido Os Verdes.A Geringonça se formou de maneira improvável. Após governar Portugal por quatro anos entre 2011 e 2015, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, do Partido Social Democrata (PSD), de centro-direita, venceu as eleições legislativas de 4 de outubro de 2015 com 38,5% dos votos (coligado com o Partido Popular), cerca de seis pontos à frente do PS, que disputou sozinho. Passos Coelho não conseguiu, no entanto, manter a maioria no parlamento português, a Assembleia da República, que havia lhe permitido implantar a política de austeridade exigida pela União Europeia em meio à crise da dívida no continente. Em 10 de novembro de 2015, o gabinete provisório da centro-direita foi derrubado por uma coalizão de partidos de esquerda e extrema-esquerda, que detinham maioria na formação pós-eleitoral da assembleia.
União das esquerdas
A derrubada do governo de centro-direita só foi possível por conta da união das esquerdas em torno do nome de Antonio Costa e do Partido Socialista. Tal acordo se deu meio a uma saraivada de críticas. Economicamente, analistas avaliavam que a coalizão esquerdista colocaria o país em apuros, uma vez que Costa prometia “virar a página da austeridade” e reduzir o alcance de uma política econômica que agradava ao mercado financeiro, mas que aumentou o desemprego no país.Cartoon de Vasco Gargalo realizado para uma reportagem do canal RTP que registra o segundo aniversário dos inéditos acordos de Governo entre PS, Bloco de Esquerda, PCP e Verdes (Reprodução) Politicamente, a coalizão era criticada por ser apontada como frágil, uma vez que havia muitas diferenças entre os integrantes da união. Neste contexto, Paulo Portas, então presidente do CDS — Partido Popular, um partido conservador, fez um duro discurso contra Antonio Costa e afirmou que a coalizão não era “um governo, mas uma geringonça”. Tratava-se de uma paráfrase de uma crônica de Vasco Pulido Valente, no jornal Público. Literalmente, geringonça significa o que é malfeito, com estrutura frágil e funcionamento precário; um aparelho ou mecanismo de construção complexa. O epíteto, então depreciativo, passou a ser adotado por comentaristas políticos e também por integrantes da “geringonça”, e hoje ganhou uma conotação positiva, por designar a força de um governo apontado como fraco em sua origem.

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