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O dia




Confissão. 

Ontem, confesso, tive um dia péssimo. Se foi péssimo enquanto tempo, foi ótimo enquanto sentimento. E não foram as partidas da Gal e do Boldrin, foi uma dor imensa de um pai desconhecido e de um filho de quem só ouvi a voz, ao dizer...Pai...

Na cidade, no centro de Fortaleza, numa rua secundária, cheia de pequenos restaurantes, restaurantes populares, resolvi de pegar um cai duro, lembranças das durezas, que sempre faço pra não esquecer que a vida é cheia de dificuldades e que elas, as dificuldades vão e vêm de maneiras diferentes, mas vão e vêm.

Sentado, quase costas à rua de pedestres, ouvi, e olhei de esguelha, um homem jovem, mal vestido, perguntar à balconista quanto era alguma coisa alí no fiteiro e a moça que atendeu disse...Qualquer um salgado aí é quatro real.

O moço pegou a criança que trazia pela mão e saiu, mas ainda ouvi a criança dizer...Pai...e sairam.

Não tive tempo de reagir. Deveria ter reagido. Mas,não. Segundos depois caiu a ficha e, quando olhei pra ver os dois, não vi mais ninguém. Paguei meus 10 reais e 50 centavos pelo pão com ovo, queijo e presunto, tudo naquela chapa de rua e saí feito um louco, às lágrimas, tentando achar o homem e a criança. Buscando desesperado aquele quase grito de " pai".

O homem por certo não tinha dinheiro para o salgado pro filho. Não tinha dinheiro para o salgado pra ele e pro filho. Pro filho e pra ele.

Existe dor maior,não ter dinheiro pra dar ao filho algo decente pra comer as 9 e meia da manhã?

Tive um dia péssimo. Choro agora, na madrugada o resto da dor, o resto das lágrimas. O resto da vida que me corrói saber que aquele pai não tinha como alegrar, sei lá, alimentar o filho.

Paaaaaaiiiii!!!

Que merda de dia. 

Não sei mascarar minha dor. 

Que seja melhor esta quinta feira, de feira aqui nas beiradas de casa.

Olhaí como vem o dia, olhaí...

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