Em 2023, grupo de Camilo no CE destaca atuação feminina


O grupo político liderado pelo ministro da Educação e ex-governador Camilo Santana (PT), que venceu no Ceará as disputas para o Governo do Estado e o Senado na última eleição, vem sinalizando ao longo dos últimos meses suas prioridades no campo do discurso político. Em meio à virada de poder que deu aos petistas os melhores resultados nas urnas, derrotando os candidatos do grupo pedetista, uma das preocupações que têm aparecido de modo recorrente é a questão da participação feminina na política – particularmente no que diz respeito à formação de equipes e indicação de nomes.
Augusta
De modo simbólico, na última semana tomou posse no Senado Federal Augusta Brito (PT), primeira suplente de Camilo Santana (PT), que foi eleito à vaga no ano passado e depois foi convocado para assumir o Ministério da Educação (MEC) no governo Lula. Com isso, ela se tornou a terceira mulher a representar o Ceará na casa. Augusta Brito, na ocasião, disse que pretende trabalhar em conjunto com o governo Lula no combate à pobreza e às desigualdades sociais. Ela destacou ainda a importância da atuação em favor das energias renováveis, como eólica e solar.
Augusta ocupa a primeira das duas vagas de suplência de Camilo lançadas na eleição de 2022. A segunda é de outra mulher, Janaina Farias (PT), que atuou como chefe de gabinete do ex-governador durante seu mandato e é considerada um nome de confiança do hoje ministro. Ela teria se candidatado à Câmara Federal, mas aceitou o convite de formar a chapa ao Senado. Com Camilo no MEC e a perspectiva de Augusta se manter como a principal ocupante da cadeira pelos próximos quatro anos, Janaína também tende a assumir mandato na casa em pontos específicos, a partir de ocasionais licenças tiradas pela correligionária.
Jade
Ainda tem relevância, em meio a isso, a atuação que Jade Romero (MDB) deve ter na gestão estadual na posição de vice-governadora. Isso porque a Vice-Governadoria do Ceará teve um aumento de 340% no orçamento para 2023, considerando o total de R$ 66 milhões previstos para o ano. Trata-se da maior quantia da história cearense destinada à pasta. O aumento tem relação com verbas do Banco Internacional do Desenvolvimento (BID) para financiar o Programa Integrado de Prevenção e Redução da Violência (PReVio). Jade, além disso, fica responsável ainda por tocar a Secretaria das Mulheres, criada este ano.
A presença de Jade na chapa é consequência de discussões que desenrolavam à época das convenções partidárias, no ano passado, quando a participação feminina nas candidaturas políticas era tema recorrente. Em 2022, Jade foi a única postulante mulher – incluindo cabeças de chapa e vices – na disputa pelo Governo do Estado do Ceará. Isso sem levar em conta as acusações que nomes do próprio PT faziam à decisão do PDT de preterir Izolda Cela na escolha do candidato pedetista, acusando a sigla de exercer violência política de gênero. Em meio a isso, os petistas intensificaram a busca por um nome feminino para compor a chapa de Elmano na posição de vice.
Secretariado
Ainda martelando esse ponto, Elmano se comprometeu, ainda no ano passado, a formar um secretariado com equidade de gênero – o primeiro da história da política cearense. O fato se concretizou, em 1º de janeiro, quando o novo governador empossou os 32 novos secretários estaduais, entre os quais 16 homens e 16 mulheres. Para chegar a esses números, a gestão aumentou o número de secretarias em atividade no estado, e prepara o texto de uma reforma administrativa para ser analisada pela Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) ainda este mês.
Izolda
A própria figura da ex-governadora Izolda Cela (sem partido) esteve no centro do debate público quando começou a ser pautada com mais força, no cenário local, a relevância da participação feminina na política do Ceará, ao longo do último ano. Isso foi destacado tanto na época de sua posse – quando se tornou a primeira mulher governadora do estado – quanto durante os desentendimentos que levaram ao racha entre PT e PDT, como citado acima. O modo como a escolha das candidaturas se desenrolou passou a ser amplamente utilizado pelo grupo petista como um ângulo de crítica aos adversários e como capital político para si próprio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário