O dia



Um dia, sentado a uma mesa que tinha costas à parede, puxei conversa com um senhor à minha direita. Acho que era 1981, ou 82. Tudo bem, indaguei. E fui logo me apresentando. O homem tinha uns 50 anos, cabelos meio para o grisalho e uma pele muito corada. Rosto plácido, de absoluta calma. Pediu um shop ao Batista, de lá.

Era Lisboa, Portugal, e o restaurante um canto chamado . Ribadouro, na avenida da Liberdade, logo abaixo do Hotel Tivoli, e um pouco antes do Rossio, que frequento até hoje. O homem era o engenheiro Antônio Ferreira da Ponte. Mesmo nome do meu tio Toinho, casado com tia Concita, irnã do José,, como ela chama o irnão famoso, Ferreira Gullart , que se divertia quando eu dizia que era sobrinho dele. E nessa conversa com o Antonio Ferreira da Ponte, de Portugal, confirmei minha origem de judeu sefardita.
Curioso, quando cheguei ao hotel, corri os olhos a um enorme catálogo telefônico (na época ainda existia) e vi lá umas 20 páginas, se não mais, só com Ferreira da Ponte, minha origem a partir de meu avô Pompeu Ferreira da Ponte, cujo nome herdei e do qual muito me orgulho.
Isso não é história de mim mesmo. Pode ser o registro de como ainda tem Ferreira da Ponte em Portugal e como não preciso pedir minha cidadania portuguesa. Se tenho sangue, sou. Se amo a terra, de lá, como a daqui, sou.
Como o dia, este sábado, vivo e se vivo...sou.
Seja feliz e não acredite em tudo o que contam a você. O que contam, às vezes,é só a repetição do que está correndo o mundo, com testemunhos e comentários que, se bem escritos, por ser rabiscos de pé de página.
Bom dia. Taí o sábado...

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