ROMA, 10 Mar. 23 / 04:05 pm (ACI).-
Em uma nova entrevista, o papa Francisco falou sobre a possibilidade de revisar a disciplina ocidental de celibato sacerdotal.
“Não há nenhuma contradição na possibilidade de um sacerdote casar. O celibato na Igreja
ocidental é uma prescrição temporal: não sei se isso está estabelecido
de uma forma ou de outra, mas é temporal nesse sentido”, disse o papa em
entrevista publicada na quarta-feira (8).
“Não é eterno como a ordenação sacerdotal, que é para sempre, goste
você ou não. Se você vai embora ou não é outra questão, mas é para
sempre. Por outro lado, o celibato é uma disciplina”.
Ao ser questionado pelo jornalista argentino Daniel Hadad se o celibato
“poderia ser revisto”, o papa Francisco respondeu: “Sim, sim. Na
verdade, todos na Igreja oriental são casados. Ou aqueles que querem. Lá
eles fazem uma escolha. Antes da ordenação, há a opção de casar ou ser
celibatário”, disse, segundo uma transcrição feita pela agência de notícias Infobae.
Em resposta à pergunta do entrevistador se o achava que tornar o
celibato opcional levaria mais pessoas a ingressar no sacerdócio, o papa
Francisco disse: “Acho que não” e observou que já existem padres
casados na Igreja Católica nos ritos orientais.
O papa acrescentou que se encontrou mais cedo naquele dia com um padre
católico oriental que trabalha na cúria romana, que tem uma esposa e um
filho.
O papa Francisco já havia falado sobre o valor do celibato sacerdotal antes. Em janeiro de 2019, ele disse:
“Pessoalmente, acho que o celibato é um presente para a Igreja. Eu
diria que não concordo em permitir o celibato opcional, não".
O papa acrescentou na época que acha que há espaço para considerar
algumas exceções para clérigos casados no rito latino "quando houver
uma necessidade pastoral" em locais remotos devido à falta de padres,
como nas ilhas do Pacífico.
A entrevista de quase uma hora publicada hoje (10) por Infobae, uma
agência de notícias online em espanhol com sede em Miami, EUA, também
abordou o governo de Daniel Ortega na Nicarágua, o tráfico de drogas na
América Latina, a guerra na Ucrânia e as nulidades de matrimônios.
Ao falar sobre nulidade, o papa Francisco aconselhou a observar o que seu antecessor Bento XVI havia dito sobre o assunto e disse que “grande parte dos casamentos na igreja são inválidos por falta de fé”.
“E pense nisso: às vezes alguém vai a um casamento e parece mais uma recepção social do que um sacramento”, disse o papa.
“Quando os jovens dizem 'para sempre', quem sabe o que eles querem dizer com 'para sempre'?”.
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