Já foram doados mais de 2.800 toneladas de alimentos a cearenses em extrema vulnerabilidade social Com
o objetivo de combater a fome e garantir alimentação saudável às
pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social, o Programa Mais
Nutrição, vinculado à Secretaria de Proteção Social (SPS), por meio do
Programa Mais Infância Ceará, tem tido um impacto direto na vida de
cerca de 30 mil cearenses vinculados às 134 entidades beneficentes
vinculadas ao programa.
Batuques de capoeira e risada de criança,
essa é a trilha sonora que rege uma das entidades beneficiadas pela
iniciativa, a Associação Nossa Casa Mãe África (ANCMA). Localizada no
bairro Granja Portugal, no território do Grande Bom Jardim, em
Fortaleza, o local acolhe crianças e adolescentes em um espaço, que mais
parece uma casa de vó, cheio de amor e carinho, por meio da arte e do
esporte. |
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“Aqui,
nós fazemos um trabalho muito árduo, principalmente porque, em 15 anos,
nunca perdemos uma criança”, destaca Sislaine Simões, fundadora e
diretora da ANCMA. “Todas elas, nós encaminhamos para oportunidades, e
hoje, as primeiras já trazem os filhos. Somos exigentes porque nós
procuramos tocar eles em vários âmbitos, desde boletim, passando pela
alimentação e até checando o cartão de vacina”, completou a diretora.
Residente
de um território com um dos com menores Índices de Desenvolvimento
Humano (IDH) da Capital, a pequena Clara é uma das crianças acolhidas
pela associação. Frequentando aulas de capoeira junto ao irmão mais novo
e com a mãe ajudando nos trabalhos da associação quando tem
oportunidade, a garota se sente abraçada no local.
“Aqui é muito
bom, eu gosto muito de vir pra cá. A gente brinca, faz capoeira e come
muita coisa gostosa. A gente tem suco, tem fruta, muita coisa boa pra
comer. A minha fruta favorita é a melancia. É muito bom tá aqui, às
vezes tem até um bolinho pra gente”, ressalta a garota. Inclusive, Clara
comemorou ter a sua fruta favorita para lanchar no intervalo da aula de
capoeira daquela tarde. |
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Para
Carlos Veneranda, coordenador executivo da associação e co-fundador do
local, o Programa Mais Nutrição dá às crianças vinculadas ao projeto a
oportunidade de algo que nem sempre tem em casa: uma alimentação
saudável.
“Nós estamos aqui no território do Grande Bom Jardim
convivendo com diversas diferenças, convivendo com as crianças e as
famílias, e trazendo para eles a mudança através do esporte, lazer e
cultura. Dentro disso, nós temos um prazer muito grande de ter melhorado
o dia deles através da refeição. E, em 2019, fomos agraciados com o
Mais Nutrição e, a partir daí, conseguimos oferecer melhores alimentos a
eles, porque antes disso era só coisa industrializada”, pontua o
diretor executivo ANCMA. |
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“Isso
contribuiu muito para que eles tivessem uma vida melhor em termo de
alimentação, eles adoram. E nós fazemos esse acompanhamento de perto,
porque teve gente que melhorou o peso, melhorando essa situação da
saúde. É importante tratar a alimentação com a devida importância, de
forma correta”, destaca Carlos Veneranda. O local oferece aulas de
coral, capoeira, circo-teatro, desenho e violão.
Impacto
No
ano que completa quatro anos de atuação, e com exemplos tão visíveis do
seu impacto na política de segurança alimentar e nutricional do Governo
do Ceará, a secretária da SPS e idealizadora do programa, Onélia
Santana, deixa claro o seu orgulho por ter impactado tantas vidas em
pouco tempo. |
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“Nós
sabemos da necessidade das crianças, das pessoas do nosso Estado terem
alimentos nutritivos, importantes para o bom desenvolvimento”, pontua a
secretária. “Estamos no Brasil que vive uma crise econômica, e nós
sabemos o quanto sofremos durante a pandemia, crise sanitária, crise
política, crise institucional, desemprego, falta de renda, e tudo isso
levou as pessoas a passarem fome. Terem suas necessidades biológicas, de
se alimentar, de poder se alimentar bem, nutritivamente, tiradas de si.
E isso [o Mais Nutrição], claro, veio em boa hora para acolher, para
estar junto, da melhor forma possível, dessas famílias”, completa.
Desde
a inauguração, em junho de 2019, quando Onélia ainda era primeira-dama,
até hoje, a ação do Programa Mais Infância Ceará já distribuiu mais de
2.800 toneladas de alimentos (2.804.717,90). Uma parte desses alimentos
doados vão parar, a cada 15 dias, nas mesas do refeitório da Frente De
Assistência À Criança Carente (FAAC), situada no bairro São João do
Tauape, em Fortaleza. |
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Bolo
de laranja, salada de fruta, vitamina de abacate e suco de frutas são
só algumas das refeições produzidas na cozinha da entidade para as mais
de 100 crianças que frequentam o local, nos horários do contraturno da
escola. No local, são produzidas, pelo menos, duas refeições para as
crianças. Uma para a turma da manhã, e outra para a turma da tarde.
“Nós
sobrevivemos de doações, e os nossos cardápios vão se ajustando a elas.
Então, o Mais Nutrição tem um diferencial muito grande, que é essa
seleção saudável que é feita por técnicos, que a gente percebe na nossa
rotina. O fato da gente propiciar para os meninos uma alimentação mais
natural é de grande impacto”, destaca Mauricélia Lemos, assistente
administrativa da entidade. |
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Uma
das crianças impactadas pelo projeto é o Filipe Moreira, 12, que vai à
instituição diariamente ter aulas de reforço e encontrar os colegas, que
já se tornaram uma segunda família. “Eu me sinto muito bem aqui na
instituição, principalmente por causa dos lanches. Hoje, foi bolo de
cenoura com suco de laranja, ontem foi melancia e melão. Eu acho muito
importante isso, porque assim temos uma vida muito mais saudável”,
afirma.
São oferecidas aulas de arte-educação, esportes como judô
e muay thai, apoio pedagógico e formação humana para crianças das
comunidades do Lagamar, São João do Tauape e Pio XII. Amanda Brito,
diretora fiscal da FAAC, descreve a importância do programa para a
instituição como “essencial” para manter o funcionamento da entidade.
“Nós
ajudamos crianças carentes e aqui elas têm acesso a alimentação, que se
tornou essencial, porque agora é uma alimentação mais saudável e, com
isso, acaba influenciando tanto nas crianças quanto nas famílias”,
pontua Amanda Brito. “Durante a pandemia, a FAAC passou por algumas
dificuldades, e as famílias também. Porque as famílias e as crianças
contam muito com essa alimentação que eles fazem aqui”.
Como funciona o Mais Nutrição |
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A
secretária Onélia Santana destaca que, para além do combate à fome com a
alimentação saudável, uma das principais premissas do programa Mais
Nutrição é o combate ao desperdício de alimentos.
“Observei a
Ceasa e, na época, eu ainda era a primeira-dama do Estado, e vi que
tinham muitos desperdícios. Inclusive, com pesquisas mostrando a
quantidade de toneladas que eram desperdiçadas. E então, eu pensei sobre
o que era necessário para combater esse desperdício e alimentar
pessoas. Construindo uma fábrica Mais Nutrição”, relembra Onélia, que
foi a partir dessa observação que a ação foi pensada e colocada em
prática. Existem duas fábricas do Mais Nutrição no Estado, uma em
Maracanaú e outra em Barbalha, que funcionam em parceria com a
Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA).
A iniciativa mantém
um banco de alimentos “in natura” – frutas e legumes – que seriam
desperdiçados pelos comerciantes da Ceasa, por falta de demanda ou
condições estéticas, mas que permanecem adequados ao consumo humano e
contém suas características nutricionais preservadas. Além disso, também
produz polpas de frutas e o mix de legumes desidratados para a
transformação em sopa. Dentre os legumes, estão mandioca, cenoura,
batata, abóbora e beterraba. |
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“Tudo
começa nas Ceasas [de Maracanaú e do Cariri], e então, a gente pega,
passa por uma seleção criteriosa, higieniza, tudo direitinho e retorna
para as entidades”, ressalta a coordenadora de Célula de Segurança
Alimentar e Nutricional da SPS, Regina Praciano.
A fabricação
conta com a doação mensal de 600kg de macarrão do Grupo M. Dias Branco. O
mix tem ampla capacidade de atendimento, por ser de fácil e rápido
preparo (um quilo de sopa prepara 40 porções) e de prazo de um ano de
validade para consumo.
Para ser beneficiado pela iniciativa, as
entidades se inscrevem a partir de editais abertos pela SPS, já depois
de serem selecionadas continuam recebendo orientação da Célula de
Segurança Alimentar e Nutricional, como explica Regina Praciano. “Para
selecionar essas entidades que serão beneficiadas, a gente lança um
edital, mas para além do edital, nós também fazemos um trabalho de
capacitação, acompanhamento. Toda a parte de ver o ganho daquela
alimentação, como está contribuindo para essas crianças e adolescentes
que estão sendo beneficiadas”, explica.
Além dos alimentos
doados, o Mais Nutrição já distribuiu mais de 68 mil cestas básicas em
todo o Estado, para milhares de cearenses em situação de vulnerabilidade
social entre os anos de 2020 e 2021. Cada cesta básica beneficia uma
família de até cinco pessoas e possui mantimentos básicos, como arroz,
feijão, macarrão, açúcar, leite em pó, farinha de mandioca, óleo, entre
outros.
A ação, que já beneficiou cerca de 404 mil pessoas, tem o objetivo de reduzir os efeitos negativos causados pela pandemia.
Ceará sem Fome |
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O
Programa Ceará Sem Fome, considerado a prioridade máxima da atual
gestão, sancionado em fevereiro deste ano, contará com o reforço dos
programas já existentes e uma atuação coordenada e concorrente de
diversos órgãos e entidades estaduais, com participação da sociedade
civil.
É por causa do sucesso dos programas Mais Nutrição e Mais
Infância Ceará, que está sendo usado de exemplo para uma iniciativa em
âmbito nacional, que a secretária Onélia Santana defende o reforço de
políticas públicas em benefício dos mais vulneráveis, como o programa
Ceará Sem Fome.
“Nós temos um recorte, são as famílias que estão
na extrema vulnerabilidade, são essas famílias que estamos focando com
essas políticas públicas. Então, quanto mais políticas chegarem a essas
famílias, elas terão mais dignidade, mais vida saudável, vão ter com
certeza um futuro promissor. Essa é nossa missão, de olhar, de estarmos
atentos a essas famílias”, finaliza.
A SPS é uma das responsáveis
pela implantação das ações da iniciativa de combate à fome, como a
distribuição de um cartão alimentação que avaliará os seguintes
critérios: famílias cadastradas no CadÚnico que atendem às normas de
entrada no Bolsa Família, mas que estão em fila de espera; famílias que
mesmo recebendo o benefício possuem renda insuficiente para alimentação
ou com rendimento per capita com transferência de até R$ 168; famílias
chefiadas por mulheres com baixa escolaridade ou com criança e
adolescente de até 14 anos. A estimativa é que, ao todo, 86 mil famílias
sejam beneficiadas em todo o estado. |
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