Contato

O dia

 


Tem coisa que não se resume em palavras. Quer ver? Isto é, ver e ouvir? Como é que vou explicar que num apartamento de prédio vizinho, da minha varanda oeste no quinto andar, tem uns periquitos australianos que perdem a hora e começam a cantar as 3 da manhã? Como é que vou falar, ou traduzir o canto de um galo maluco que canta as duas da manhã, lá pras bandas de dentro do Mucuripe, bem depois do colégio estadual do Padre Zé Nilson, o grande benfeitor do bairro? Ora, tem coisa que não se explicam em palavras. Será que imagens como esta de hoje, quase sempre feitas do mesmo ângulo, da varanda leste do meu tugúrio, explicam o que penso quando levanto cada manhã pra fotografar, copiar da câmera pro lepi topi, marcar na área de por no face e no blog e apertar...publicar? Como estou dizendo, tem coisa que não se resume em palavras, Memórias, por mais que se escreva sobre,não tem como passar o cheiro, o gosto, a cor, a textura, os sons para quem dá-se ao luxo de ler coisas assim? Sabe, ainda tem gente que vende cuscuz pelas ruas do Mucuripe, aqui na fronteira com o Meireles. Nunca vejo, mas ouço. Tem um vigia, que também nunca vejo, mas ouço, passar na noite, de bicicleta, apitando um apito de apitar jogos? Qualquer esporte? A vida minha gente (minha gente é masculino ou feminino?), a vida é um eterno exercício dessas coisas que não se resumem em palavras. Doido quem tentar. Doido de pedra. Doido varrido. Doido que rasga dinheiro...
Sim, o dia vem assim...aproveite e economize suas palavras que jamais resumirão coisas...

Nenhum comentário:

Postar um comentário