O dia


Pouco importa, hora dessas, para o cearense dos grotões, se é sábado, domingo ou uma brutal terça feira. Importante é que tá chovendo e chuva no Ceará, mesmo as das cheias, nunca é demais. Alaga e passa. Deixa o chão molhado, o milho pendoado, o feijão na "bage", os passarinhos cantando no toco da estacas, o gado mugindo forte, o pasto verdim como o mar do poeta. Na verdade meu povo (meu povo pode ser todos,todas e todes?) a alegria vira a festa de um espirro alto, sonoro e desentupidor de nariz depois de uma talagada de tabaco bem assado, torrado num caco velho e pilado num pano grosso, tipo encerado de caminhão. Isso aí, são imagens das minhas memórias de casa, onde Dindinha agradava o Major Antonio Passos com uma lata cheia do torrado antes de ele sair da Meruoca pra Sobral. Então, daqui, da janela do meu tugurio, vivo minhas lembranças enquanto festejo a chuva, e, como é domingo, aguardo a hora pra descer pra minha missa aqui na Igreja de N.S.da Saúde, no Mucuripe que não só nos acolhe, como tá cheim de jacaré pra gente tomar banho de chuva. (com licença; gente é todos,todas e todes?) Taí a cabeça do domingo.

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