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Trump suspende novos vistos para estudantes estrangeiros

 


Medida do governo dos EUA interrompe agendamentos consulares e amplia triagem em redes sociais, afetando universidades como Harvard e provocando protestos.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou a suspensão dos agendamentos de novos vistos para estudantes e visitantes de intercâmbio estrangeiros, como parte de uma nova diretriz que prevê o endurecimento da triagem de redes sociais desses solicitantes. A medida foi revelada em primeira mão pela agência Reuters, que teve acesso a um memorando interno do Departamento de Estado assinado pelo secretário Marco Rubio.
No documento, Rubio instrui que todas as missões diplomáticas norte-americanas interrompam a marcação de novas entrevistas para os vistos das categorias F, M e J — voltados a estudantes e intercambistas. “O Departamento está conduzindo uma revisão das operações e processos existentes de triagem e verificação de solicitantes de vistos estudantis e de intercâmbio e, com base nessa revisão, pretende emitir orientações sobre a ampliação da triagem de redes sociais”, afirma o memorando.
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Ainda segundo o texto, entrevistas que já foram agendadas poderão ser mantidas, mas as vagas ainda disponíveis devem ser retiradas do sistema. A nova política exigirá ajustes nas operações consulares e reavaliação de recursos humanos, com foco prioritário nos serviços para cidadãos norte-americanos, emissão de vistos de imigrante e combate a fraudes.
A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, não confirmou diretamente o conteúdo do memorando, mas reforçou que o país está comprometido com medidas rigorosas de segurança. “Vamos continuar utilizando todos os instrumentos que pudermos para avaliar quem está vindo para cá, seja estudante ou outro visitante”, declarou a jornalistas.
A decisão se insere no contexto mais amplo da política anti-imigração adotada no segundo mandato de Donald Trump. O governo norte-americano tem aumentado as tentativas de deportação de estudantes estrangeiros e ameaçado revogar vistos e autorizações de permanência de quem manifesta apoio à causa palestina ou crítica à atuação de Israel na guerra de Gaza — ações que, segundo o governo, ameaçariam a política externa dos EUA e estariam alinhadas ao Hamas.
Essas medidas provocaram forte reação no meio acadêmico. Em Harvard, centenas de estudantes e professores protestaram contra a política migratória do governo e em apoio aos alunos estrangeiros, que representam cerca de 27% do corpo discente da universidade. Na semana anterior, a administração Trump já havia tentado revogar a autorização da universidade para receber estudantes internacionais, em uma ofensiva que ameaça a reputação global do ensino superior norte-americano.
Um dos casos mais graves envolveu uma estudante turca da Tufts University, que ficou detida por mais de seis semanas em um centro de imigração na Louisiana após coassinar um artigo de opinião criticando a resposta de sua universidade à guerra em Gaza. Ela só foi libertada depois que um juiz federal concedeu-lhe fiança.
Organizações de defesa dos direitos civis têm denunciado as ações do governo como ataques à liberdade de expressão, garantida pela Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos. Críticos apontam que a repressão às manifestações políticas de estudantes estrangeiros representa uma grave ameaça aos princípios democráticos do país.

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