Jornal afirma que deputado atua contra os interesses do Brasil e ultrapassa todos os limites democráticos em defesa do pai, Jair Bolsonaro
247 – Em editorial contundente publicado nesta quarta-feira 30, o jornal O Estado de S. Paulo defendeu a cassação do mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), classificando suas ações como incompatíveis com a democracia. O texto relembra que, em janeiro de 2000, a mesma publicação já havia pedido a cassação de Jair Bolsonaro, então deputado federal, por sua atuação agressiva contra as instituições. Passadas mais de duas décadas, o jornal sustenta que o filho trilha o mesmo caminho de ataques deliberados ao país em nome dos interesses pessoais da família Bolsonaro.
“Por atuar deliberada e sistematicamente para prejudicar o Brasil, em nome dos interesses particulares de sua família, Eduardo Bolsonaro precisa ter cassado seu mandato de deputado federal”, afirma o Estadão. O editorial condena a atuação internacional de Eduardo, que teria pressionado o governo dos Estados Unidos a agir contra o Supremo Tribunal Federal, em uma tentativa de enfraquecer os processos que envolvem Jair Bolsonaro. Essa articulação resultou, segundo o texto, na imposição de tarifas comerciais ao Brasil pelo presidente americano Donald Trump, convertidas em uma chantagem diplomática para favorecer o ex-presidente.
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O jornal também criticou duramente a postura do deputado ao se colocar como uma espécie de negociador diplomático não oficial, pedindo sanções contra autoridades brasileiras, incluindo os presidentes da Câmara e do Senado, o ministro do STF Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, Eduardo admitiu ter sabotado abertamente a comitiva de senadores que viajou aos Estados Unidos com o objetivo de estabelecer diálogo institucional com o Congresso norte-americano.
Segundo o Estadão, o deputado ainda atacou governadores aliados da própria direita, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ratinho Junior (PSD-PR), por abordarem a questão tarifária sem mencionar a situação judicial de Jair Bolsonaro. Eduardo teria acusado Tarcísio de desrespeitá-lo por dialogar com empresários e com representantes diplomáticos dos Estados Unidos, desviando o foco da pauta familiar bolsonarista.
O editorial também denuncia uma live recente de Eduardo Bolsonaro nas redes sociais, em que o parlamentar atacou o STF e ameaçou abertamente um delegado da Polícia Federal. “Vai lá, cachorrinho da Polícia Federal que tá me assistindo, deixa eu saber não. Se eu ficar sabendo quem é você, eu vou me mexer aqui. Pergunta ao tal delegado Fábio Alvarez Shor se ele conhece a gente”, declarou, em tom intimidatório.
Com a licença parlamentar já vencida e sem previsão de retorno ao Brasil, Eduardo Bolsonaro permanece nos Estados Unidos. Circulou nos bastidores da Câmara a possibilidade de usar o mesmo expediente aplicado ao deputado Chiquinho Brazão — permitir a perda automática do mandato por excesso de faltas. Para o Estadão, isso seria um erro grave. “A fim de cuidar da própria imagem, não bastará ao Legislativo federal recorrer a essa solução. Afinal, Eduardo Bolsonaro passou dos limites e merece não a inércia corporativista da Casa, mas uma punição dura, real e imediata.”
Ao concluir, o jornal relembra que a Câmara optou por não punir Jair Bolsonaro em 2000 e que essa omissão desmoralizou o Legislativo. “Que não repita esse erro agora com Eduardo Bolsonaro.”
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