Inelegível, doente, com tornozeleira e cadeia à vista: o fim do 'Mito'
Ricardo Kotscho-Colunista do UOL
Polícia Federal faz operação de busca e apreensão na residência de Jair Bolsonaro em Brasília
Imagem: Adriano Machado/Reuters
A casa caiu. Demorou, mas ele conseguiu. Tanto fez e falou, provocou e mentiu em entrevistas escalafobéticas durante a semana, aos gritos e palavrões, desafiando o STF, que o ministro Alexandre de Moraes perdeu a paciência e tomou as providências necessárias para evitar qualquer risco de fuga. Na manhã desta sexta-feira, 18 de julho de 2025, com a polícia batendo à sua porta e uma tornozeleira à sua espera, Jair Messias Bolsonaro, o "Mito", finalmente despencou da terra plana da sua realidade paralela. Aos 70 anos, inelegível, doente, com condenação e cadeia à vista, um dos filhos foragido nos Estados Unidos, agora sem poder usar as redes sociais, o ex-presidente que tentou dar um autogolpe viu chegar o seu melancólico fim de linha na vida real . Nem o irresponsável parça Donald Trump conseguiu salvá-lo. Ao contrário, só piorou as coisas para o capitão defenestrado do Exército aos 33 anos por planejar atos terroristas, que agora sai de cena com a pecha de traidor da pátria. Pivô de uma crise sem precedentes do Brasil com os Estados Unidos, que coloca em risco a economia nacional, depois de deixar pelo caminho 700 mil mortos na pandemia, só lhe resta agora esperar em casa pela sentença inapelável que pode condená-lo a 43 anos de prisão. Este poderia ser seu epitáfio político. "Querem me prender por tentativa de golpe, porra! Que golpe é esse, porra, sem armas, sem tanque, sem nada, porra!!!", surtou ao vivo na CNN, na quarta-feira, completamente descontrolado, para espanto do apresentador Leandro Magalhães, que se viu obrigado a encerrar a entrevista. Nunca tinha visto nada parecido na televisão, nem em programas policiais ou de brigas de família no Ratinho. No dia seguinte, numa coletiva no Senado, ainda teve a coragem de se oferecer para negociar o tarifaço com Trump, "se o Lula me chamar e devolver meu passaporte". Fiquei pensando como foi possível a democracia brasileira sobreviver a Jair Bolsonaro naqueles quatro anos de um governo insano, comandado por uma organização criminosa de militares e civis, que teve seu modus operandi exposto nos mínimos detalhes no relatório final do procurador-geral Paulo Gonet para pedir a sua condenação. Agora falta pouco para o processo ser concluído e julgado no STF, mesmo que Trump não queira. E por um bom tempo, espero, não se falará mais em anistia e em indultos. A lambança bolsotrumpista, urdida pelo celerado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, foi tamanha que deixou a direita e a extrema direita sem rumo, levando de roldão possíveis nomes para substituir o "Mito" nas urnas em 2026. De quebra, tirou das cordas o presidente Lula, que uniu o país contra a ameaça externa e voltou a liderar todos os cenários nas pesquisas para as próximas eleições .
Trump e Bolsonaro não devem ser bons jogadores de boliche. Fizeram strike contra eles mesmos.
Vida que segue.
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