247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu, nesta quinta-feira (14), às provocações e sanções do governo estadunidense contra o Brasil, enviando um recado direto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em evento de entrega de 599 títulos de regularização fundiária a moradores de Recife (PE), Lula disse que o país não aceitará “ficar de joelhos” diante de pressões externas e fez duras críticas ao ex-mandatário brasileiro Jair Bolsonaro (PL), acusado de tentativa de golpe de Estado.
“O governo americano resolveu contar algumas mentiras sobre o Brasil. [...] É mentira quando o presidente diz que o Brasil é um mau parceiro comercial. O Brasil é bom, mas a gente não vai ficar de joelhos para o governo americano. [...] Como pernambucano, não gosto de briga, mas não tenho medo de briga”, afirmou Lula.
O discurso ocorre no contexto do agravamento das tensões comerciais entre os dois países. No último mês, Trump anunciou tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras para os EUA a partir de 1º de agosto, alegando prejuízos no comércio bilateral. O governo brasileiro contesta a versão e afirma que, nos últimos 15 anos, os Estados Unidos acumularam lucro de US$ 410 bilhões nas trocas com o Brasil, incluindo ganhos bilionários de plataformas digitais.
Acusações contra Bolsonaro
Lula também respondeu à acusação de Trump de que o Brasil não teria democracia por conta do julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente afirmou que o ex-chefe do Executivo está sendo julgado “porque tentou dar um golpe de Estado” e listou ações, como tentativa de assassinato de autoridades como ele próprio, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal; uso de um caminhão-bomba no aeroporto de Brasília; ataques à Polícia Federal e incêndios de ônibus no dia da diplomação presidencial; incitação à invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
“Se o presidente Trump morasse no Brasil e tivesse feito o que fez nos EUA, aqui também seria julgado e, se culpado, iria para a cadeia”, disse Lula, ao comparar o ataque de 8 de janeiro à invasão do Capitólio norte-americano em 2021, que deixou cinco mortos.
“País do povo brasileiro”
No encerramento, Lula exaltou suas origens pernambucanas e afirmou que apenas o povo brasileiro pode determinar mudanças na condução política do país.
“Só tem alguém que pode fazer a gente mudar de posição: o povo brasileiro. [...] Quem nasce com sangue pernambucano não gosta de briga, mas não tem medo de briga.”
O discurso também reforçou a disposição do governo de negociar com os EUA, desde que em termos de respeito mútuo. No mês passado, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o chanceler Mauro Vieira enviaram carta a autoridades norte-americanas pedindo revisão das tarifas e reafirmando o interesse em preservar a parceria histórica entre as duas maiores economias das Américas.
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